quinta-feira, 29 de setembro de 2011

DEUS EXISTE? FERNANDO MARTINS FERREIRA

DEUS EXISTE?





Li numa revista de circulação nacional, a entrevista do matemático e professor da Universidade de Temple na Filadélfia (USA), John Allen Paulos. Ele escreveu o livro Irreligion e pelo que pude perceber pela entrevista, é devotado à lógica e onde o autor analisa argumentos tradicionais sobre a existência de Deus e os contesta. Afirma também em sua entrevista, que a “Bíblia é uma grande literatura” e que não se pode dizer que as coisas narradas nela ou em qualquer outro texto religioso sejam verdadeiros.
Creio ser mais um “sabido” a pregar a inexistência de Deus a exemplo de tantos outros. - Não li nem pretendo ler o livro.- Pela entrevista pude analisar Mr. Paulos e antes que seja criticado, assumo que emiti juízo sim. Se falso, paciência, mas ele me pareceu de um cartesianismo ilimitado. Raciocínio puro: penso, logo existo.
Limita-se a explicações mecânicas, aqueles velhos argumentos tendo a Bíblia como alvo principal. Vamos devagar à análise:
Sabemos que o primeiro escritor da Bíblia foi Moisés e o último foi João. Entre Moisés e João houve, portanto, um espaço de 1500 anos. Logo, não se conheceram.
Em Gênesis, encontramos um mundo perfeito, recém criado, depois relata a entrada do pecado, a tragédia. Entre Moisés e João, entre o Gênesis e o Apocalipse, vimos a história da humanidade com suas lutas, quedas, rebeliões etc.
Foram quarenta os escritores da Bíblia. Escreveram em tempos diferentes, estilos diferentes, mas mesmo assim existe uma unidade. Nela existem coisas surpreendentes que aguçam a nossa imaginação. Em Isaias 40:22 lemos: “Ele, Deus, esta assentado sobre a redondeza da terra cujos moradores são como gafanhotos.” Chamo a atenção para “a redondeza da terra”.
Estaria a Bíblia se referindo que a terra era redonda? Ora, sabemos que a ciência afirmava que a terra era plana!!
Só em 1492 Colombo chegou à América provando que ela era redonda.
Os mesmos cientistas que criam na terra plana, afirmavam que ela tinha apenas 6.000 anos de existência. Com certeza eles também não acreditavam em Deus.
Pergunto-me: Como se explica a harmonia e o equilíbrio do universo que se comporta como se fosse um ser vivo? Aliás, está comprovado que ele está em permanente expansão.
A nossa fé vem de uma visão holística. O Universo é um todo. Como explicá-lo sem a existência de Criador? Na dádiva da fé encontramos a verdadeira e divina resposta.
Dizem alguns “estudiosos” que as religiões são filhas da ignorância e irmãs gêmeas da arrogância e da intolerância; isso devido em grande parte creio, pelas desgraças e abusos sofridos pela humanidade.
Vejamos o caso da Igreja Católica Apostólica Romana: Esta, na idade média comandava uma tropa de psicopatas que caçavam com entusiasmo gente com o entusiasmo com que caçariam animais selvagens. O maior divertimento dos pervertidos era julgar, esfolar vivo e queimar na fogueira da “santa inquisição.” Tudo isso em nome da fé, em nome da Igreja e conseqüentemente em nome de Deus. As principais vítimas da “Santa Igreja” eram as mulheres do povo, que lidavam com a sabedoria popular de suas antepassadas e ministravam ao povo suas ervas, folhas e raízes. O que hoje é chamado Fito terapia, antes a Igreja denominava: bruxaria.
Os homens também eram perseguidos. Se contrariassem uma autoridade eclesiástica era considerado hereje e, portanto excomungado, empalado, queimado e todos os seus bens confiscados pela igreja.
Indulgencias plena eram vendidas, obviamente por polpudas quantias e assim o “católico” garantia o seu lugarzinho no Céu.
A igreja como negócio, era tão bom que houve uma época com dois papas. Foi em 1378 por ocasião do grande Cisma do Ocidente. (Papas Clemente VII e Urbano VI) um com sede em Roma outro com sede em Avignon, na França. Isso sem falar nos inúmeros anti-papas que existiram até o século XVI. Na verdade, o trono de São Pedro foi aviltado por anos e anos por papas e outras autoridades eclesiásticas, assassinos, amorais, achacadores sem escrúpulos que mancomunados com tiranos, queimavam pilhavam e estupravam em nome e da “Santa Igreja”
Para se ter uma ideia de como era a coisa, conta-se que D.João V, (1689-1750) Rei de Portugal, acompanhado da família real, da sacada do paço da inquisição, em Lisboa, comiam e bebiam assistindo as vitimas serem jogadas nas fogueiras do Páteo dos Hereges, entre os quais muitas mulheres e crianças. D.João V, teria acendido muitas vezes, em pessoa as fogueiras onde iam ser queimados vivos muitos inocentes dobrados à intolerância dos fanáticos.
Não era bom brincar com os endemoniados chefes eclesiásticos. Só Deus mesmo para livrar o “herege” de suas “santidades”.
Foi um horror, uma vergonha, página negra de nossa história.
Se observarmos outra grande religião, o Islamismo não veremos muita diferença, pois até nos tempos atuais alguns fieis malucos, se transformam em bombas humanas se explodindo em metrôs, shoppings e em vias públicas, matando e mutilando centenas de inocentes. Acreditam os loucos pervertidos, que Aláh e Maomé lhes reservarão após a morte, mil virgens e um lugar no Paraíso. Repete de certa forma, o erro da Igreja católica que vendia indulgencia.
Quantas guerras e quanto sangue derramado em nome de Deus! Quanto ódio!
A humanidade sempre blasfemou (e ainda blasfema) quando usa o nome de Deus para seus intentos malignos. O nome de Deus é usado para guerrear, matar e dominar.
Mas Deus não tem nada a ver com isso! Apesar de tudo, creio que as religiões sejam necessárias, até mesmo para que as relações humanas sejam possíveis. Elas ainda são o freio moral necessário.
Devemos questioná-las sim, colocarmos o dedo na ferida, não deixarmos os fatos cair no esquecimento, até para que elas possam evoluir. Devemos e temos o direito de fazer tudo isso, mas questionar a existência de Deus é um contra senso, posto que o Universo esta aí, harmônico, belo e em constante transformação, como a nos lembrar da presença “Dele.”
Deus esta em toda parte, está dentro de nós e para ouvi-lo basta ouvir o nosso próprio coração. Confesso-me um defensor da fé, sim senhor. Fé “Nele”, no Criador que tudo faz tudo vê e tudo pode.

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

"GOIABAS BICHADAS" DE FLAVIO MARCUS DA SILVA-(FOTO) O EXCELENTE CONTO PODERIA SE CHAMAR TAMBÉM: CANALHICE EXPLICITA.CONFIRA!



11 - Goiabas bichadas


Na estrada deserta, o carro cortava a noite em alta velocidade. ‘Não acredito que você fez isso’. “O quê?”. ‘Deixar aquela mulher na estrada, sem prestar socorro’. “Mas ela estava morta”. ‘Você não sabe se ela estava morta’. “Como não sei? Sou médico, sei muito bem quando estou diante de um cadáver ou não”. ‘Mas os lábios dela tremiam, os dedos se mexiam’. “Isso é normal. Ela tinha acabado de morrer. Ontem mesmo eu vi uma reportagem no Discovery Channel sobre o Baiacu, aquele peixe que os japoneses adoram.Numa cena o peixinho estava morto numa bandeja, limpinho, as vísceras já postas numa tigela à parte, e ele ainda mexeu a boca três vezes. Com o corpo humano é a mesma coisa”.
‘Mas você tinha que prestar socorro’. “Não tinha nada. Quem disse isso? Os nossos legisladores? Ora, não me faça rir. Prestar socorro a quem? A um corpo?”. ‘Você é responsável pela morte daquela mulher. Tem que pagar pelo que fez’. “Foi um acidente. E acidentes acontecem. O que você quer? Que eu me entregue à polícia? Que eu diga Olha seu policial, eu bebi três taças de vinho com os amigos num sítio aqui perto e ao voltar pra casa, sozinho, atropelei uma mulher que andava de bicicleta no acostamento, e ela morreu.
É isso que você quer? Pra quê?”. ‘Justiça’. “Que justiça? A dos juízes? Dos deputados?”.
‘Você cometeu um crime’. “Não me diga... Eu conheço o Código Penal. Por isso mesmo eu sei que, se eu me entregar, nenhuma justiça será feita. Vou pagar uma fortuna a um bom advogado mercenário, que vai livrar a minha cara em menos de duas semanas. E eu ainda tenho amigos juízes que não pouparão esforços para me ajudar. Só vou ter que aguentar os jornalistas me chamando de canalha em rede nacional, o que me desagrada um pouco. Por isso prefiro facilitar as coisas e deixar tudo como está: ninguém me viu, ninguém anotou a minha placa...”. ‘Eu vi’. “Mas você não conta. Daqui a pouco eu te convenço e nos acertamos. A propósito, é a primeira vez que você me dá trabalho desse jeito. Sempre que você me questiona sobre minhas atitudes e idéias eu te neutralizo em menos de um minuto.
E agora isso... Você se lembra quando eu pedi àquele coitado pra dar um jeito nos pés de pequi e de ipê amarelo da minha fazenda, dizendo que eu me responsabilizaria por tudo caso a polícia o pegasse?” ‘E a polícia o pegou e você jogou a culpa toda nele?’ “Pois é... você entendeu em um minuto que o que eu quis dizer para o coitado foi outra coisa, que foi ele que interpretou errado, achando que era pra cortar as árvores e não era... Foi uma confusão danada”. ‘Então era pra cortar’. “Claro que era. Mas pense comigo... Onde já se viu um médico respeitado como eu, pai de três filhos médicos, de uma família tradicional, ter que prestar contas à polícia e pagar multas por causa de meia dúzia de pés de pequi e dois de ipê?”. ‘Mas o coitado foi preso e teve que pagar multas’. “Ele cortou porque quis.
Eu não o obriguei”. ‘Mas o enganou’. “Isso não importa”. ‘Importa sim’. “Para quem? Para Deus?”. ‘Talvez’. “Eu não acredito em Deus”. ‘Eu sei que não. E tenho nojo de você quando te vejo na igreja, ajoelhado, fingindo rezar, na sua ânsia por respeitabilidade, lustrando a máscara que esconde a sujeira da sua alma. Mas saiba que teus olhos te traem...’. “Não me venha com lições de moral. A vida é um jogo, e só ganha quem sabe jogar. Eu sei jogar. E nesse caso do atropelamento, eu agi corretamente, não tente me convencer do contrário. Ter que enfrentar a polícia, contratar advogado, para no final não acontecer nada. Pra quê? Agi corretamente porque me poupei desse atraso de vida”. ‘Você não pode garantir que não ia acontecer nada’. “Claro que posso. É o que acontece com a maioria dos políticos que roubam e dos médicos que matam e mutilam por descuido e negligência: absolutamente NADA”. ‘Mas cada um tem a sua consciência’. “Olha, vou te dizer uma coisa: conheço um político que já deve ter roubado tanto dinheiro da Saúde, que daria pra construir uns vinte hospitais do câncer no país só com o que ele desviou, salvando a vida de muitas crianças que, por falta de estrutura e tratamento, acabaram morrendo. E eu te pergunto: não seria esse político responsável pela morte de todas essas crianças?” ‘Sim, em tese’. “Pois quero que você o conheça: um coroa bonachão, com uma família que sabe aproveitar bem o que ele rouba: todo mundo montado na grana: filhos, filhas, noras, genros e agregados [parentes e amigos que parasitam o núcleo familiar como sanguessugas, encontrando ali tudo de que necessitam para viver bem: empregos, moradia, comida, festas e vários sacos pra puxar]. E como ele é feliz! Nenhum problema com a consciência, eu posso te garantir. Se ele tiver uma, com certeza está presa numa câmara escura com uma enorme rolha na boca. Diferente de você, minha querida, que vê e fala o que quer e quando quer... Ó minha doce consciência... Como é que eu te aturo? Eu que sou tão perspicaz...”.
‘E a família daquela mulher?’. “A família dela vai sofrer de qualquer jeito, não importa se eu me entregar ou não à polícia. Aliás, penso que ela sofrerá mais se souber que eu me entreguei e não sofri nenhuma punição”. ‘Então é isso’. “Isso o quê?”. ‘Você não vai se entregar’. “Claro que não, que coisa! Mas quero que você fique tranquila, ok? Não suporto consciências pesadas, histéricas, que atormentam a nossa vida com suas lamúrias sem fim: Você não podia ter feito isso, não podia ter feito aquilo: - Ela é sua irmã, você não podia tela enganado pra ficar com o dinheiro só pra você; - Além de sócio, ele era seu amigo, confiava em você; mas você o enganou assim mesmo e deixou a família dele na miséria; -
Você humilhou aquela mulher... ela não merecia isso; - O seu filho tinha que ter conseguido aquela vaga sem o auxílio da sua rede de amizades... Não aguento esse tipo de coisa”. ‘Eu sei’. “Vocês, consciências pesadas, não têm a menor chance neste nosso país de consciências leves ou ausentes. Vocês são como aquelas goiabas suculentas que se deixam perfurar pelas moscas, e depois carregam suas larvas, que se alimentam de vocês até transformarem suas polpas em uma massa podre e imprestável. As moscas são os pensamentos grandiosos que fazem o mundo girar, o dinheiro circular, os grandes impérios surgirem; são as ideias que alimentam o poder, o sucesso e o lucro, que destroem as consciências apegadas a valores retrógrados, atrasados, que só dificultam a vida daqueles que querem vencer, fazendo-os sofrer sem motivo”. ‘Somos então como goiabas bichadas’.
“Isso mesmo: goiabas bichadas”.

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sábado, 24 de setembro de 2011

A MORTE NO PLANETA TERRA- FERNANDO MARTINS FERREIRA

A MORTE NO PLANETA TERRA




“Pode ser necessário que a morte exista, mas ela não poderia ter sido inventada de outra maneira? É necessário deixar atrás de si restos mortais que temos de enterrar ou queimar? Tudo isso é abominável.”
Esse questionamento foi feita por Agnes, personagem de Milan Kundera no seu livro “A Imortalidade”, a um imaginário ser de outro planeta.Devo confessar que inicialmente ri da situação, para logo a seguir dar razão à Agnes. Já que somos energia, coisa que acredito piamente, porque então não nos desmaterializarmos quando tivesse vencido o nosso prazo de validade aqui na terra? Seria tão mais simples! Passei um bom tempo pensando nas inúmeras vantagens da desmaterialização, e cada vez mais me conscientizava de sua vantagem. A saudade continuaria é lógico, mas seria tudo tão limpo, tão clean! Comecei a pensar que Deus poderia ter simplificado esse processo. Cheguei a pensar até no meu epitáfio, logicamente colocado onde eu me desmaterializasse: Fui.... Nos encontramos nas estrelas.
Estava tão convicto que decidi que quando fizesse a passagem iria falar diretamente com as entidades superiores. Haveria de reivindicar e quem sabe meus apelos não chegariam ao criador?- Sim, viajei mesmo!- Mas aí, nesse ponto, lembrei-me da resposta do extraterrestre à Agnes: “É bem sabido que a Terra é uma abominação”
Entendi isso perfeitamente ao ver o jornal da TV da noite: Como somos abomináveis!Um garoto de dez anos atira em uma professora dentro da escola e comete suicídio, é a corrupção que assola o Brasil como uma praga, guerra no Oriente Médio, crianças morrendo de fome na África, escravidão branca e xenofobia na Europa, pedofilia generalizada pelo mundo. Enfim, um caos de virtudes, de moral e porque não de ética?
Abominável Terra!- Pensando bem, a Terra é apenas um minúsculo ponto geográfico de transição nesse maravilhoso universo de meu Deus. Outros locais mais evoluídos certamente existirão e para lá nos dirigiremos, devagar, galgando etapas, nos arrastando, sem nos esquecermos jamais que ainda há pouco tempo, balançávamos nas arvores. Em outro nível atingiremos a desmaterialização para em outro estágio nem mesmo isso ocorrer mais, posto que somos energia pura e possuímos uma alma imortal.
Até lá devemos cumprir o nosso ritual de enterrar e chorar os nossos mortos, deixando resíduos e marcas.
Enquanto isso que tal cuidarmos melhor de nossa evolução espiritual nesse planeta abençoado por Deus?
Ah!... Um dia nos encontraremos nas estrelas.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

"SUFLÊ DE BACALHAU"- DICA DA SEMANA DO CHEF ERNANE(FOTO). HUMMMM DEU ÁGUA NA BOCA.



Suflê de Bacalhau

Para 4 Pessoas

 400 g de bacalhau demolhado
 l dl de azeite
 2 dentes de alho, picados finamente
 6 pãezinhos (carcaças)
 6 ovos
 Sal e pimenta q.b.
 Pão ralado q.b.

Demolhe o pão em água e depois escorra-o e esprema-o bem. Num tacho, leve ao lume o azeite, junte-lhe os dentes de alho, picadinhos e mexa até alourarem um pouco; misture o pão espremido e as gemas, mexa e deixe aquecer muito bem; rectifique de sal e tempere com pimenta.

Entretanto, leve a cozer o bacalhau, como habitualmente, e escolha-o de peles e espinhas; esmague-o dentro de um pano, como para pastéis de bacalhau e misture-o muito bem no preparado anterior.

Com cuidado, misture depois as claras previamente batidas, com uma pitada de sal, em castelo firme. Unte com manteiga um recipiente que possa ir ao forno, deite nele o preparado e alise. Polvilhe com pão ralado e leve ao forno médio (l60º), cerca de 40 minutos. Quando pronto, retire e sirva de imediato com salada a gosto.

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quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Em "Flores Brancas na noite escura da alma" Flávio Marcus da Silva (foto) nos leva a pensar em um desfecho trágico.Mas o final é surpreendente!! Confira!!


10 - Flores brancas na noite escura da alma



Ele tinha 15 anos. Era magro, feio e triste.
No começo era só o desprezo dos colegas e professores. Ninguém sabia seu nome nem conversava com ele. Suas notas eram medíocres, passáveis, indicando inaptidão e falta de talento, o que o colocava, dentro da classificação estabelecida informalmente pelos diretores e supervisores, no “ponto morto”, naquela posição que, embora não representasse um risco sério para a imagem da escola, não contribuía em nada para o seu engrandecimento institucional, sempre atrelado ao ranking dos colégios e aos primeiros lugares nos vestibulares das grandes universidades de elite.
Ele simplesmente não existia.
Pelo menos até o dia em que se dirigiu à mesa da professora, suando frio e tremendo, mudo, mas implorando ajuda com o olhar aflito e desesperado, com os dedos inquietos abrindo e fechando os botões da camisa; e a mulher, concentrada em alguns trabalhos que corrigia, fingia não tê-lo percebido, como se ele fosse uma peça decorativa surgida do nada, quase invisível.
Enquanto isso, os outros alunos mantinham-se em silêncio, alguns estudando, outros
enviando mensagens pelo celular, desenhando, escrevendo...
Até que, não suportando mais a angustiante espera [ele já estava ali há mais de três minutos], um uivo de agonia saiu do fundo da sua alma, arrancando de seus pulmões e garganta toda a força necessária para devastar a indiferença dos colegas e da professora – e junto com esse grito de horror, um caldo escuro de diarréia explodiu no seu traseiro,
marcando com uma enorme mancha marrom e fétida o tecido claro de sua calça desbotada.
A professora se levantou num salto e agarrou seu braço com força, puxando-o para fora da sala. No corredor, uma funcionária da escola repreendeu-o por não ter ido ao banheiro a tempo, levando-o em seguida para se lavar.
A partir desse dia a indiferença e o desprezo dos colegas se converteram em crueldade. Ele se transformou no alvo principal de todas as chacotas e piadinhas de corredores, e mesmo na sala, durante as aulas, comentários maldosos eram lançados aqui e ali, levantando risos abafados e silêncios constrangedores, sempre sob o olhar tranquilo e distante do professor.
Ele continuou não participando dos trabalhos em grupo e não encontrando ninguém para conversar no recreio, mas não era mais um Zé ninguém, um simples criador de indiferenças, pois os outros o notavam, olhavam para ele e riam – o que, no entanto, feria mais, doía mais, tornando-o cada vez mais amargo e triste.
Festinhas eram organizadas, passeios a fazendas e sítios aconteciam todos os meses e ele nunca era convidado. Seus únicos amigos eram os livros, que ele começou a ler também na escola, durante o recreio, embaixo de um enorme caramanchão, bem afastado do burburinho incessante dos outros adolescentes, que brincavam e conversavam em suas rodinhas.
Mas mesmo em seu refúgio de solidão, às vezes lhe chegavam bilhetinhos ofensivos e zombeteiros, quase sempre trazidos por um garoto vesgo e narigudo, com um leve retardo mental, mas que havia sido aceito pelos outros como uma espécie de mascote, sempre pronto a cumprir as ordens dos líderes do bando ou das menininhas ricas, acostumadas em casa e na escola com paparicos e servilismos.
Um dia, o menino vesgo foi ao caramanchão levando uma pequena caixa de isopor fechada. Disse que era um presente dele, um pedido de desculpas por todos os bilhetinhos que ele havia trazido. Deixou-a ali, em suas mãos, e saiu correndo pelo pátio.
Sua primeira reação foi desprezar a caixa, deixá-la ali mesmo no caramanchão, fechada, intocada, e ir embora. Mas depois de alguns minutos de reflexão, resolveu abri-la. Não se surpreendeu com o que viu; mas diante daquela imagem repugnante, que lhe dizia, em seu silêncio asqueroso “Você é a escória da escória, o estorvo do estorvo: nada”, ele sentiu como se uma noite escura tomasse conta da sua alma naquele exato momento: uma sensação penosa: uma dor profunda revirando as densas sombras do seu ser, que depois se acalmava, para logo em seguida começar de novo – como uma dor de parto, mas na alma, no âmago da sua existência, do seu espírito pisado, massacrado, cuspido.
Deixou ali a caixa cheia de fezes, de diferentes cores e consistências, como se fossem de várias pessoas, e dirigiu-se à saída do colégio, disposto a voltar só dois dias depois, para a realização do seu único e último ato.
Passou a tarde e a noite sem dormir, sem comer, e o dia seguinte todo, se preparando, se organizando, pensando em todos os detalhes do seu plano. Só interrompia o trabalho para ler Walt Whitman, Tolstoi, Edgar Allan Poe, Willian Burroughs e Allen Ginsberg, e para recitar em voz alta trechos de seus poemas preferidos, sobretudo os de Ginsberg em seus momentos mais sombrios: “A ti, Céu depois da morte, Único abençoado no Vazio, nem luz nem escuridão, Eternidade Sem Dias...”. E continuava, arquitetando tudo, escritos e rabiscos jorrando de suas mãos para o papel em jatos contínuos – orgasmos múltiplos de sangue sem interrupção.
Quando entrou na escola vestindo um pesado casaco de lã em pleno verão ninguém achou estranho. Na verdade, ninguém notou nada. Ele sabia que seria assim, por isso não se preocupou. Entrou no banheiro e se trancou num dos boxes sanitários, para aguardar o início das aulas.
Oração da Manhã. Avisos.Vozes e passos em tropel pelos corredores. Silêncio.
Era o momento de agir.
Atravessou o corredor em direção à sua sala com a mão direita enfiada dentro do casaco. A aula tinha acabado de começar. O professor de História continuava seu discurso pomposo sobre a economia capitalista, citando, como exemplos, pais de alunos ricos da classe, grandes empresários da cidade que, juntamente com juizes e políticos, eram ali reverenciados através de seus filhos [a maioria arrogante e estúpida, mas digna de elogios e paparicos simplesmente por serem filhos de quem eram].
Entrou sem pedir licença e se colocou diante da turma, ao lado do professor, que emudecera de susto ao vê-lo se aproximar vestido daquele jeito, com o ar cansado e sombrio, olhos avermelhados, o cabelo despenteado, ensebado. Parecia um louco; mas ninguém se moveu.
Ficaram ali, estatelados, atônitos, estarrecidos, os olhos esbugalhados de espanto, de medo.
Professor e alunos continuaram mudos e estáticos enquanto ele tirava de dentro do casaco um enorme maço de folhas, distribuindo-as, uma a uma, a todos os presentes. Eram centenas de poemas que ele escrevera nos dois dias anteriores, sobre amor, amizade, compaixão, generosidade e humildade; citações bíblicas que mostravam a simplicidade dos ensinamentos de Cristo: o amor ao próximo, o perdão, o desapego às coisas materiais; textos que ele mesmo escrevera sobre a sua própria dor, mas que terminavam sempre com mensagens de esperança e paz.
Ao entregar seus escritos, andando pelas filas de carteiras como se dançasse ao som de uma melodia celestial, ele dava um beijo na testa de cada um de seus colegas, inclusive daqueles que haviam contribuído com a sua cota de matéria fecal para o presente na caixa de isopor.
Dali ele saiu para as outras salas, onde também espalhou seus textos. Pregou-os em todos os murais; lançou-os nos banheiros, na secretaria, na lanchonete, nas quadras, na sala de vídeo, nos laboratórios, deixando, ao final do percurso, depois de tudo distribuído, um manuscrito de trinta páginas [encadernado em capa dura] embaixo do caramanchão – o velho e solitário caramanchão, que o acolhera como um amigo durante todo o tempo em que ali viveu sua solidão junto aos livros, e que naquele dia florescia com uma exuberância jamais vista: cobria-se de flores brancas e ternas que, brilhando ao sol, pareciam querer ilustrar o título da primeira e última obra daquele jovem e triste poeta: “Flores brancas na noite escura da alma”.

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segunda-feira, 19 de setembro de 2011

"PRECE ÁRABE"- QUE SUA SEMANA SEJA ABENÇOADA!

PRECE ÁRABE



DEUS NÃO CONSINTA QUE EU SEJA O CARRASCO QUE SANGRA AS OVELHAS NEM UMA OVELHA NAS MÃOS DO CARRASCO

AJUDA-NE A DIZER SEMPRE A VERDADE NA PRESENÇA DOS FORTES E JAMAIS DIZER MENTIRAS PARA GANHAR OS APLAUSOS DOS FRACOS.

MEU DEUS!
SE ME DERES A FORTUNA, NÃO ME TIRES A FELICIDADE!
SE ME DERES A FORÇA, NÃO ME TIRES A SENSATEZ.
SE ME FOI DADO A PROSPERIDADE, NÃO PERMITA QUE EU PERCA A MODÉSTIA, CONSERVANDO APENAS O ORGULHO DA DIGNIDADE.

LEMBRA-ME QUE A EXPERIENCIA DE UM FRACASSO PODERÁ PROPORCIONAR UM PROGRESSO MAIOR

SE ME TIRAR A FORTUNA, DEIXA-ME A ESPERANÇA.
SE ME FALTAR A BELEZA E A SAÚDE, CONFORTA-ME COM A GRAÇA DA FÉ.

Ó DEUS!
FAZ-ME SENTIR QUE O PERDÃO É O MAIOR INDICE DA FORÇA E QUE A VINGANÇA É PROVA DE FRAQUEZA.
E QUANDO ME FERIR A INGRATIDÃO E A INCOMPREENSÃO DOS MEUS SEMELHANTES
CRIA EM MINHA ALMA, SENHOR, A FORÇA DA DESCULPA E DO PERDÃO.

E FINALMENTE SENHOR,
SE EU DE TE ME ESQUECER, TE ROGO, MESMO ASSIM, NUNCA TE ESQUEÇAS DE MIM!

Traduzido do árabe por: SEME DRAIBE

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

BACALHAU EM PRATA COM PRESUNTO CHEF ERNANI (FOTO)


Bacalhau em Prata com Presunto

Para 1 Pessoa

 posta de bacalhau do lombo
 0,5 dl bem medido de azeite
 l cravinho
 dentes de alho
 1 cebola
 l folha de ]ouro
 1 raminho de salsa
 1 fatia de presunto
 1 folha de papel de alumínio

Corte a folha de papel alumínio à medida da posta de bacalhau e coloque-a sobre um tabuleiro; dê-lhe forma côncava, deite-lhe dentro um pouco do azeite e coloque depois o bacalhau enxuto, o cravinho e um dente de alho; regue com mais um pouco de azeite.

Embrulhe o bacalhau com cuidado para que as espinhas não furem o papel e leve ao forno a 200º, cerca de 15 minutos. Entretanto, descasque a cebola e corte-a às rodelas; leve-as a fritar no restante azeite quente com o outro dente de alho, picado, a folha de louro e o raminho de salsa. Frite igualmente a fatia de presunto. Retire o bacalhau do forno e, com cuidado, desembrulhe-o. Coloque-o num prato de serviço. Por cima, disponha a cebola frita e, ao lado, o presunto.

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"CARRAPICHOS" FLÁVIO MARCUS DA SILVA


9 - Carrapichos


Tive a ideia desta crônica quando fui buscar meus filhos na escola um dia desses. Desci do carro, feliz da vida [se não me engano era uma sexta-feira], e ao caminhar em direção ao portão, onde alguns pais já aguardavam a saída de seus rebentos, vi que as barras da minha calça estavam cheias de carrapichos. E de dois tipos diferentes: um deles, com pequenos espinhos [finos como agulhas de insulina], embolava-se no tecido em grandes aglomerações, puxando e enroscando as áreas afetadas da calça [da mesma forma como se comporta, na minha imaginação, um tumor maligno nos tecidos do corpo]; e o outro, sem espinhos visíveis [mas com uma capacidade de aderência ainda maior que a do primeiro], grudava-se na calça com tanta determinação e confiança, que na sua imobilidade “daquinão- saio-daqui-ninguém-me-tira”, parecia uma daquelas lagartas que dormem na superfície de uma folha de couve, entregue à própria sorte numa horta abandonada: na verdade, os deste segundo tipo constituíam uma colônia de seres que podiam ser confundidos com dezenas de pequenas taturanas esverdeadas e achatadas, que pareciam dotadas de uma certa integridade corpórea, de uma unidade, mas que, ao serem extraídas da calça, dividiam-se em milhares de pedacinhos, exigindo dos meus dedos uma habilidade que eles nunca tiveram, e do meu ser uma paciência que, depois de tantas provações como professor de História ao longo dos anos, vinha passando, naqueles dias, por uma fase de escassez desesperadora.
Essa introdução [talvez um pouco excessiva] foi só para mostrar a você, leitor, que no meu universo particular, o carrapicho representa um papel no mínimo dispensável.
Mas o que eu quero mesmo, com isso tudo, é explicar a representação [ou visão] que eu tive, naquele momento, da vida como um espaço agreste repleto de pés de carrapicho, de todos os tipos: carrapicho-rasteiro, carrapicho da calçada, carrapicho-de-beiço-de-boi, carrapicho-grande, etc.
Corrijo-me: não da vida como um todo, mas daquilo que ela nos reserva, até o fim, de pequenos problemas a serem resolvidos no dia a dia. Pense de novo nos carrapichos.
Imagine-se caminhando em um terreno onde haja abundância dessas leguminosas. Você não os vê, mas eles estão lá, à espreita, camuflados na paisagem, sorrateiros, com seus espinhos e ganchos preparados para o leve salto que os destacará da natureza selvagem; e quando você menos espera, eles já estão grudados em você, em alguma parte do seu corpo, quase sempre em blocos, embolados. Na maioria das vezes você não os sente, mas sabe que tem alguma coisa ali, esperando para ser eliminada, extraída, extirpada, despachada. Porém, nem todos são assim. Muitos carrapichos incomodam de verdade, espetam, puxam, repuxam e você não aguenta ficar com eles grudados no corpo por muito tempo.
Esses carrapichos do tipo que espeta e incomoda, e que precisam ser expulsos imediatamente, são, na sua vida, aquela privada que entope, a lâmpada do quarto que queima [impedindo a esposa de se olhar no espelho], a máquina de lavar que estraga, a chupeta do bebê que some, o tanque de combustível do carro que fura e a internet que pifa.
Você tem que resolver o problema rápido, pois, do contrário, como viver? [Essa é uma das grandes angústias do capitalismo. Somos dependentes demais daquilo que o dinheiro pode comprar].
Dos outros carrapichos, que não tornam a sua vida insuportável, mas estão lá, e que quando você os vê, parecem rir da sua cara, zombeteiros e arrogantes, posso citar, por exemplo, os pombos que infestam o meu telhado há mais ou menos quatro anos, o amassado na lateral esquerda do meu carro, a porta do armário da cozinha que está bamba, o engasgado do carro que, segundo um mecânico, “deve ser problema de velas” [e eu nem sabia que carro tinha vela], a sujeira das placas do aquecedor solar, as formigas que fazem o que querem na minha cozinha à noite, etc. São carrapichos que eu carrego comigo no meu dia a dia, anotados até na agenda [com a recomendação de serem eliminados o mais rápido possível], juntamente com “ir ao médico”, “ir ao dentista”, “ir à igreja”, “começar uma dieta”. [Abro aqui um parêntese para explicar que esse carrapicho que eu chamo de “dieta” já se transformou num aglomerado em mim, num tumor (por enquanto benigno) difícil de ser extirpado, de tão enraizado que ele se encontra: são vários carrapichos reunidos num bloco compacto, que já se confunde com o meu corpo (e eu já nem ligo muito para ele) – tanto é que neste exato momento eu estou arrotando um macarrão (miojo) com queijo, sardinha e azeite (muito azeite) e meia garrafa de vinho tinto seco; e amanhã, em Belo Horizonte, vou comer uma lasanha de frango e baixar mais meia garrafa de vinho, coroando o jantar com uma torta de chocolate. Mas segunda-feira... Ah, segunda-feira...].
Mas a vida é assim mesmo. Chega uma hora que a gente se cansa de ser certinho demais e acaba tendo que se acostumar com alguns carrapichos grudados ao nosso corpo. O segredo é carregá-los numa boa, avaliando regularmente a área afetada, o grau de comprometimento do “tecido”. [Por exemplo: eu faço dieta de segunda a quinta,direitinho, e quando saio dela, na sexta, sábado e domingo, não exagero muito. Faço exercícios todos os dias (20 minutos de musculação e 50 de bicicleta ergométrica – que eu pedalo lendo, pois nunca consegui me acostumar com a ideia de pedalar sem sair do lugar: por isso eu uso o livro para fugir da academia e viajar por outros mundos, sem tirar a bunda da bicicleta e sem parar de suar). Tudo bem, sou gordinho (ainda não sou um gordo mórbido ou “grande obeso”, como dizem os portugueses), mas meu colesterol e minha glicose ainda são considerados excelentes, e não tenho nenhum outro problema grave de saúde (pelo menos por enquanto). Não vou me estressar demais com isso e deixar de tomar meu vinho e comer minha torta de limão ou de chocolate com uma certa regularidade e abundância comedidas (às vezes não tão comedidas). Comer é uma arte, e eu amo a arte...].
Aqueles carrapichos incômodos, que espetam, puxam e repuxam, que sejam extraídos imediatamente [ou você vai ficar com a privada entupida ou sem internet em casa?]: Tudo bem, eu sei que tem gente que fica sem internet em casa, porque não tem nem computador, e que outros nem privada têm, mas aqui estou me referindo a pessoas de uma condição social parecida com a minha, dependentes de uma certa comodidade capitalista que, embora não seja a das classes mais abastadas do sistema, não chega ao nível das necessidades básicas dos miseráveis deste país, que acordam às cinco da manhã para trabalhar numa empresa fazendo o que não gostam, ganhando uma miséria, só para enriquecer seus patrões e se sentirem úteis e honrados.
Como eu dizia, que sejam retirados e eliminados os carrapichos que incomodam de verdade, mas, sinceramente, não vejo necessidade de nos estressarmos demais com os outros, que só precisam ser monitorados com cuidado, e, em caso de “metástases” descontroladas, de aumento excessivo do “tumor”, que ganhem prioridade na lista de cirurgias emergenciais e sejam extirpados.
Vamos aproveitar melhor nosso curto tempo de vida nesse planeta para fazer o que realmente gostamos, de verdade, do fundo da alma. Se você gosta de catar carrapichos, que bom para você. Eu não gosto. Prefiro escrever crônicas e contos, ler, amar e cuidar daminha família, com tempo para curtir, para ter prazer...
E enquanto isso a barriga cresce, os pombos se reproduzem, o carro segue caindo aos pedaços...
E a gente vai vivendo...

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quarta-feira, 14 de setembro de 2011

"CONFUSÃO MENTAL DO IDOSO" - (Leia: É pequeno, importante e sério

Confusão mental do idoso ( Leia, é pequeno, importante e sério )
Principal causa da confusão mental no idoso
*Arnaldo Lichtenstein, médico

Sempre que dou aula de clí¬nica médica a estudantes do quarto ano de Medicina, lanço a pergunta:
- Quais as causas que mais fazem o vovô ou a vovó terem confusão mental?
Alguns arriscam: *"Tumor na cabeça".
Eu digo: "Não".
Outros apostam: "Mal de Alzheimer"
Respondo, novamente: "Não".
A cada negativa a turma se espanta... E fica ainda mais boquiaberta quando enumero os três responsáveis mais comuns:
- diabetes descontrolado;
- infecção urinária;
- a famí¬lia passou um dia inteiro no shopping, enquanto os idosos ficaram em casa.

Parece brincadeira, mas não é. Constantemente, vovô e vovó, sem sentir sede, deixam de tomar líquidos.
Quando falta gente em casa para lembrá-los, desidratam-se com rapidez.
A desidratação tende a ser grave e afeta todo o organismo. Pode causar confusão mental abrupta, queda de pressão arterial, aumento dos batimentos cardí¬acos ("batedeira"), angina (dor no peito), coma e até morte.

Insisto: não é brincadeira.
Na melhor idade, que começa aos 60 anos, temos pouco mais de 50% de água no corpo. Isso faz parte do processo natural de envelhecimento.
Portanto, os idosos têm menor reserva hídrica.
Mas há outro complicador: mesmo desidratados, eles não sentem vontade de tomar água, pois os seus mecanismos de equilí¬brio interno não funcionam muito bem.

Conclusão:
Idosos desidratam-se facilmente não apenas porque possuem reserva hí¬drica menor, mas também porque percebem menos a falta de água em seu corpo. Mesmo que o idoso seja saudável, fica prejudicado o desempenho das reações quí¬micas e funções de todo o seu organismo.

Por isso, aqui vão dois alertas:
1 - O primeiro é para vovôs e vovós: tornem voluntário o hábito de beber lí¬quidos. Por líquido entenda-se água, sucos, chás, água-de-coco, leite, sopa, gelatina e frutas ricas em água, como melão, melancia, abacaxi, laranja e tangerina, também funcionam. O importante é, a cada duas horas, botar algum lí¬quido para dentro. Lembrem-se disso!
2 - Meu segundo alerta é para os familiares: ofereçam constantemente lí¬quidos aos idosos. Ao mesmo tempo, fiquem atentos. Ao perceberem que estão rejeitando líquidos e, de um dia para o outro, ficam confusos, irritadiços, fora do ar, atenção! É quase certo que sejam sintomas decorrentes de desidratação.
"Líquido neles e rápido para um serviço médico".

(*) Arnaldo Lichtenstein (46), médico, clí¬nico-geral do Hospital das Clí¬nicas e professor colaborador do Departamento de Clí¬nica Médica da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).
* Gostou?*
* Então divulgue. *
* Seus amigos merecem saber!*

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

ACREDITE SE QUISER... FERNANDO MARTINS FERREIRA


ACREDITE SE QUISER


O José Maria Lopes também conhecido por Zé Paçoquinha, apelido que carrega desde criança devido a sua propagada calma, é casado com a Dorinha, prima materna em segundo grau.
Não tendo filhos, vivem confortavelmente em um belíssimo sítio denominado Barreiro, próximo à estação do Carioca, em Pará de Minas.
Para mim é o sítio das águas, pois possui duas lindas lagoas bem defronte da varanda da casa. Sempre que posso vou lá ter com eles um dedinho de prosa. Conversa boa, regada a cafezinho fresco e deliciosas quitandas feitas pela Dorinha.
Numa dessas conversas o Zé me contou alguns casos que aconteceram com ele em sua mocidade.
O certo é que ninguém sabe como certas coisas acontecem não se explica o inexplicável conta-se.
E contou que ele e seu falecido pai, Francisco Lopes, o Chico Lopes do Carioca como era mais conhecido, foram convidados para a festa de inauguração da nova casa do Djalma Fonseca na Fazenda Bom Jardim que distava de suas terras, coisa de uma légua.
Foram, rezaram o terço, abençoaram a casa e festaram, porque na roça, festa que se presa tem que ter fartura de quentão, bolos, canjica, biscoitos, doces variados e a deliciosa “vaca atolada” que é a carne cozida com mandioca, tendo um bom caldo.
Lá pelas tantas, apanharam suas montarias e tomaram o rumo de casa, pois no dia seguinte a lida na fazenda começava bem cedo. Vinham cavalgando devagar, tranqüilos, comentando esse ou aquele detalhe da festa. Saborearam a linda noite de céu risonho. A lua cheia iluminava tudo e estrelas cadentes riscavam o céu aqui e acolá.
O único barulho que se ouvia era o tropel dos cavalos e o das águas do rio São João batendo nas pedras próximo à usina de energia elétrica do Carioca. Atravessaram os 60 metros da ponte de madeira que separa os municípios de Conceição do Pará e Pará de Minas, cavalgaram uns cem metros, quando de repente sem dar nenhum sinal, os cavalos estacaram. Não queriam seguir o caminho, nem sendo esporeados.
Uma criança pequena se pôs a chorar. No início era um choro baixo, depois, cada vez mais alto.
Apuraram o ouvido e perceberam que o choro vinha de uma vala à beira da estrada.
Preocupados “apearam” dos cavalos à procura da criança que a essa altura chorava desesperadamente.
Aproximaram-se da vala e o choro cessou. Vasculharam tudo, chamaram, gritaram e nada.
Os cavalos continuavam assustados, inquietos.
O pai disse se tratar de uma alma “penada”.
Puseram-se então a rezar com fervor e em voz alta pela alma sofrida e aos poucos eles e os cavalos foram se acalmando e puderam seguir viagem.
A noite era fria, mas conta o Zé que passou a tiritar de frio e por mais que aconchegasse a gola do casaco ao pescoço não conseguia evitar a tremura dos joelhos e o bater dos dentes, uns contra os outros.
De outra feita ele e o seu amigo José Henriques, “que está bem vivo e pode confirmar a história”, tinham ido à Santana da Prata levar uma partida de gado.
Entregaram a encomenda, receberam o dinheiro e para comemorar foram tomar uma cervejinha. Uma cerveja puxa a outra, um bom papo, tira gosto de primeira e as horas passando.
Quando deram pela coisa já era quase 23 horas.
Apanharam suas montarias e tomaram o rumo de casa.
O tempo havia mudado para chuva, já podiam sentir sua proximidade. A umidade era quente e pegajosa e raios já rasgavam o céu escuro lá pra cima, onde o rio São João começa a formar o Lago do Carioca.
É... a chuva não parecia tardar. Chegaram as esporas nos animais, pois não queriam se molhar.
Chegando próximo à barragem, já se ouvia da estrada o barulho das grandes quedas d’água, e foi aí que tudo aconteceu, os cavalos que vinham a trote rápido, lado a lado, estacaram. O Zé e o amigo quase foram ao chão.
Chegaram novamente as esporas e nada, eles simplesmente não saiam do lugar, e nervosos batiam fortemente as patas no chão e resfolegavam alto.
E ali, bem na frente deles, três soldados altos, fortes com armas e mochilas nas costas, usando uniformes que pareciam muito antigos, atravessaram a estrada sem sequer olhar para eles e se embrenharam no mato do outro lado da estrada em direção à lagoa.
Um tremor de pernas se apossou deles, um engasgo os impedia de articular sequer uma palavra, os olhos arregalados acompanhando os três homens.
Passou-se um tempo que mais pareceu uma eternidade, os cavalos e eles foram se acalmando e o céu desabou. Choveu sem parar o restante da noite, chegaram a casa molhados até os ossos. Nenhum dos dois soube explicar o que aconteceu, mas os três soldados foram vistos outras vezes, sempre no mesmo lugar, até que uma alma caridosa mandou celebrar três missas, uma para cada um, e a partir daí nunca mais foram vistos.
O grande dramaturgo brasileiro Nelson Rodrigues aficionado que era com futebol, arranjou um nome para aquelas bolas que pipocavam entre uma trava e outra e não entrava ou para aquele jogo em que tudo acontece menos o gol.
Dizia que o Sobrenatural de Almeida se fazia presente.
Se ele não explicava também eu não, prefiro simplesmente contar o que ouvi.



PS: Livro editado em 2009- esgotado.

domingo, 11 de setembro de 2011

PARA OS DESCENDENTES DE D.JOAQUINA DO POMPÉU: TRECHOS DO CAPÍTULO DEDICADO À ELA.




Pompeu é uma linda e progressista cidade do Centro-Oeste de Minas, possui uma formidável bacia leiteira e é considerada por isso a “capital mineira do leite”. Tem o privilégio de ser banhada pelos rios: São Francisco, Paraopeba, Rio do Peixe, Rio Pará e Rio Pardo (bacia do Rio São Francisco).
Dista de Belo horizonte 170 km é considerada a terra de Bernarda da Silva Abreu Castelo Branco, melhor dizendo Dona Joaquina do Pompeu, também conhecida como “Sinhá Braba”. Como falar dessa parte das Gerais e não falar dessa grande mulher? (....)


”. Para os seus detratores, foi uma mulher desonesta, que recebia os comerciantes e boiadeiros em suas terras, efetuava o devido pagamento e depois mandava tocaiá-los e matá-los, reavendo assim o dinheiro pago. Dizem outros que levava uma vida de devassidão sexual, dormindo com os escravos escolhidos por ela, não sem antes dele “ficar de molho na banheira para a retirada do bodum”. Outras histórias de seu apetite sexual e de maus tratos com escravos são contadas em todo o centro-oeste mineiro.
A bem da verdade devo registrar que não creio na propagada devassidão sexual de Dona Joaquina, e muito menos nos crimes que lhe são atribuídos. Creio, e outros também, que os boatos foram criados por sua grande inimiga Maria Tangará. Ela sempre se referia pejorativamente e maldosamente sobre D.Joaquina. “... namoradeira até de escravos! Sabem? Dos mais ajumentados.” Encarregava-se também de espalhar notícias de que D.Joaquina abrigava em suas terras os piores assassinos e malfeitores da Colônia. (.....)



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sábado, 10 de setembro de 2011

CÓDICO DE ÉTICA DOS INDIOS NORTE AMERICANOS

LEVANTE-SE COM O SOL PARA ORAR.
ORE SOZINHO
ORE COM FREQUENCIA

O GRANDE ESPIRITO O ESCUTARÁ, SE VOCÊ AO MENOS FALAR!

SEJA TOLERANTE COM AQUELES QUE ESTÃO PERDIDOS NO CAMINHO
A IGNORANCIA, O CONVENCIMENTO, A RAIVA, O CIUME E A AVAREZA, ORIGINAM-SE DE UMA ALMA PERDIDA.
ORE PARA QUE ELES REENCONTREM O CAMINHO DO GRANDE ESPIRITO.

PROCURE CONHECER-SE POR SI MESMO, NÃO PERMITA QUE OUTROS FAÇAM O SEU CAMINHO POR VOCÊ.
É SUA ESTRADA, E SOMENTE SUA!
OUTROS PODEM ANDAR A SEU LADO, MAS NINGUEM PODE ANDAR POR VOCÊ.

TRATE OS CONVIDADOS EM SEU LAR COM MUITA CONSIDERAÇÃO
SIRVA-OS COM O MELHOR ALIMENTO, A MELHOR CAMA E TRATE-OS COM RESPEITO E HONRA.

NÃO TOME O QUE NÃO É SEU. SEJA DE UMA PESSOA, DA COMUNIDADE, DA NATUREZA OU DA CULTURA.
SE NÃO LHE FOI DADO, NÃO É SEU!

RESPEITE TODAS AS COISAS QUE FORAM COLOCADAS SOBRE A TERRA
SEJAM ELAS PESSOAS, PLANTAS OU ANIMAIS.

RESPEITE OS PENSAMENTOS, DESEJOS E PALAVRAS DAS PESSOAS.
NUNCA INTERROMPA OS OUTROS NEM RIDICULARIZE, NEM RUDEMENTE OS IMITE.
PERMITA A CADA PESSOA O DIREITO DA EXPRESSÃO PESSOAL.

NUNCA FALE DOS OUTROS DE UMA MANEIRA MÁ.
A ENERGIA NEGATIVA QUE VOCÊ COLOCAR PARA FORA NO UNIVERSO, VOLTARÁ MULTIPICADA PARA VOCÊ!

TODAS AS PESSOAS COMETEM ERROS.
E TODOS OS ERROS PODEM SER PERDOADOS!

PENSAMENTOS MAUS CAUSAM DOENÇAS DA MENTE, DO CORPO E DO ESPÍRITO.
PRATIQUE O OTIMISMO!

A NATUREZA NÃO É PARA NÓS, ELA É UMA PARTE DE NÓS.
TODA NATUREZA FAZ PARTE DA NOSSA FAMILIA TERRENAL.

AS CRIANÇAS SÃO AS SEMENTES DE NOSSO FUTURO.
PLANTE AMOR NOS SEUS CORAÇÕES E REGUE COM SABEDORIA E LIÇÕES DE VIDA.
QUANDO FOREM CRESCIDOS, DÊ-LHES ESPAÇO PARA QUE CONTINUEM CRESCENDO!

EVITE MACHUCAR O CORAÇÃO DAS PESSOAS.
O VENENO DA DOR CAUSADA A OUTROS RETORNARÁ A VOCÊ.

SEJA SINCERO E VERDADEIRO EM TODAS AS SITUAÇÕES.
A HONESTIDADE É O GRANDE TESTE PARA A NOSSA HERANÇA DO UNIVERSO.

MANTENHA-SE EQUILIBRADO.
SEU CORPO ESPIRITUAL, SEU CORPO MENTAL, SEU CORPO EMOCIONAL E SEU CORPO FÍSICO, TODOS NECESSITAM SER FORTES, PARA SEREM SAUDÁVEIS.

TRABALHE O SEU CORPO FÍSICO PARA FORTALECER O SEU CORPO MENTAL
ENRIQUEÇA O SEU CORPO ESPIRITUAL PARA CURAR O SEU CORPO EMOCIONAL.

TOME DECISÕES CONSCIENTES DE COMO VOCÊ SERÁ E COMO REAGIRÁ.
SEJA RESPONSÁVEL POR SUAS PROPRIAS AÇOES.

RESPEITE A PRIVACIDADE E O ESPAÇO PESSOAL DOS OUTROS.
NÃO TOQUE AS PROPRIEDADES PESSOAIS DE OUTRAS PESSOAS, ESPECIALMENTE OBJETOS RELIGIOSOS E SAGRADOS.
ISTO É PROIBIDO!

COMECE SENDO VERDADEIRO CONSIGO MESMO.
SE VOCÊ NÃO PODE NUTRIR E AJUDAR A SI MESMO, VOCÊ NÃO PODERÁ NUTRIR E AJUDAR OS OUTROS.

RESPEITE AS OUTRAS CRENÇAS RELIGIOSAS.
NÃO FORCE AS SUAS CRENÇAS SOBRE OS OUTROS.
COMPARTILHE SUA BOA FORTUNA COM OS OUTROS PARTICIPE COM CARIDADE.


CONSELHO INDÍGNA INTER-TRIBAL NORTE AMERICANO-

DESTE CONSELHO PARTICIPAM AS TRIBOS:
CHEROKEE- CHEROKEE BLACKFOOT-COMANCHE-LUMBBE TRIBEE- MOHAWK- WILLOW CRRE- PLAINS CRRE- TUSCARORA- SICANGU LAKOTA SIOUX
CROW (MONTANA)- NORTHERN CHEYNNE (MONTANA)

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

LICÃO DE ABISMO- FLAVIO MARCUS DA SILVA




8 - Lição de Abismo

O velho advogado desligou a televisão, vestiu um pijama e foi para a biblioteca, onde vasculhou as estantes em vários locais, até encontrar, atrás de alguns clássicos franceses do século XIX, uma volumosa pasta preta cheia de papéis velhos. Sentou-se na escrivaninha, abriu a pasta e, com cuidado, retirou a última folha do maço. Ali, escrito em letra cursiva pequena e elegante, na primeira linha, destacava-se o título: “Livros que li no ano de 1958”.
Sorriu, emocionado, ao ler alguns comentários que havia escrito sobre suas leituras preferidas naquela época: os romances policiais da Coleção Amarela, editados a partir do início da década de 1930: “O Mistério da Escada Circular”, “Os Três Punhais”, “Um Cadáver no Jardim”, “A Mão Decepada”, “A Pista da Vela Dobrada”, “O Mistério dos Fósforos Queimados”, e muitos outros. Na folha anterior, que continha os comentários sobre as leituras feitas em 1959, o nostálgico advogado [que acabara de completar setenta anos] confirmou o título do primeiro livro que havia lido em inglês: “Death on the Nile”, de Agatha Christie.Mas entre os inúmeros romances policiais ingleses e americanos, que ocupavam a maior parte das folhas amarelas da antiga pasta de recordações do advogado, apareciam também clássicos da literatura mundial dos séculos XIX e XX, romances e contos contemporâneos, obras de importantes cientistas sociais brasileiros, como Sérgio Buarque de Holanda, Gilberto Freyre e Caio Prado Júnior, e várias teses de mestrado e doutorado em Sociologia, História, Ciência Política e Direito. Ficou particularmente espantado com a quantidade de livros lidos na década de 1970, quando já era um advogado em ascensão, casado e com três filhas pequenas.
Foi aí que se lembrou de como era obcecado com o sucesso profissional. Ficava no escritório até tarde, todos os dias, em reuniões intermináveis com sócios e clientes, e ainda virava noites estudando processos em casa. Tinha aulas de inglês, francês, alemão, espanhol e italiano, e se obrigava a ler pelo menos três horas por dia [inclusive nos finais de semana] textos originais em todas essas línguas [além do português]. Utilizava um cronômetro para marcar o tempo que se dedicava à leitura, interrompendo a contagem sempre que era
obrigado a abandonar o livro para ir ao banheiro ou atender a algum chamado importante.
Era obrigado a fechar a semana com no mínimo vinte horas de leitura, em todas as línguas que conhecia, pois achava que o seu diferencial na profissão seria um vasto conhecimento das culturas e civilizações do mundo; e como era advogado criminalista, dedicava-se com especial afinco à leitura dos melhores contos e romances policiais, com destaque para Conan Doyle, Chesterton, Dorothy L. Sayers e Agatha Christie. Guardou as folhas de volta na pasta. Levantou-se com cuidado, apoiando-se na escrivaninha para não cair, e moveu lentamente a cabeça de um lado para o outro, visualizando, em toda a sua grandiosidade, as três enormes estantes repletas de livros. "Será que valeu a pena?", perguntou a si mesmo, enquanto caminhava em direção a uma prateleira, no lugar reservado aos autores russos do século XIX. Ao chegar bem perto, escolheu uma edição francesa de “Crime e Castigo” e dirigiu-se ao banheiro, no final do corredor. Ali, tirou a calça, sentou-se no vaso, abriu o livro e releu trechos que ele próprio havia marcado em 1977, ano em que entrou em contato pela primeira vez com o fascinante e sombrio universo de Dostoïevski.
Dessa primeira leitura, lembrava-se perfeitamente dos delírios de Raskolnikov, deitado em seu sofá no quarto miserável que alugava, ou andando sem rumo pelas ruas imundas de São Petersburgo. E de outras incursões literárias dessa mesma época recordava-se com detalhes de várias cenas: beijos, assassinatos, funerais, festas, duelos, guerras e discursos. Mas quando pensava nas três filhas, com dois, cinco e sete anos em 1977, poucas lembranças lhe vinham à cabeça, pois raramente tinha tempo para elas. "Hoje elas estão casadas, com filhos, e não as conheço", pensou com tristeza. "Valeu a pena?", perguntou novamente, dessa vez com os olhos fixos na imagem de seu rosto refletida no espelho [cabelos brancos, pele vincada], enquanto limpava com cuidado o ânus, maltratado por duas décadas de ataques recorrentes de hemorróidas.
Vestiu novamente a calça do pijama, apertou a descarga e caminhou em direção à sala. Recolheu os restos do jantar, jogados sobre a mesa em frente à televisão, e foi para o seu quarto, onde colocou um DVD, sentindo-se quase feliz por não ter que compartilhar a cama com a esposa naquele final de semana. O filme era o espanhol “Tudo sobre minha mãe”.
Numa cena, ouviu uma frase que o fez suspirar:
“Sucesso não tem cheiro, não tem sabor, e quando você se acostuma, é como se não
existisse”.

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terça-feira, 6 de setembro de 2011

A ORAÇÃO DE UMA CAMPONESA DE MADAGASCAR

“ORAÇÃO DE UMA CAMPONESA DE MADAGASCAR”



SENHOR!

DONO DAS PANELAS E MARMITAS!

NÃO POSSO SER A SANTA QUE MEDITA AOS VOSSOS
PÉS.

NÃO POSSO BORDAR TOALHAS PARA VOSSO ALTAR.

ENTÃO, QUE EU SEJA SANTA AO PÉ DO MEU FOGÃO

QUE O VOSSO AMOR ESQUENTE A CHAMA QUE EU
ACENDI

E FAÇA CALAR A MINHA VONTADE DE GEMER MINHA

MISÉRIA

EU TENHO AS MÃOS DE MARTA, MAS QUERO TAMBÉM

TER AS MÃOS DE MARIA

QUANDO EU LAVAR O CHÃO, LAVAI SENHOR, OS

MEUS PECADOS

QUANDO EU PUSER NA MESA A COMIDA
COMEI SENHOR, JUNTO CONOSCO

É O SENHOR QUE SIRVO, SERVINDO MINHA FAMÍLIA.

Prece registrada pelo Frei Dominicano Raimundo Cintra.

BRANDADA DE BACALHAU COM TOMATE- "DICAS DO CHEF ERNANE"


Brandada de Bacalhau com Tomate

Para 4 Pessoas

 0,5 kg de batatas
 Sal e pimenta q.b.
 0,5 kg de bacalhau
 l tomate maduro
 2 gemas
 2,5 dl de natas
 Manteiga para untar
 10 g de queijo ralado

Leve a cozer as batatas em água temperada com sal, depois escorra-as e reduza-as a puré. Coza igualmente o bacalhau, limpe-o de peles e espinhas e desfaça-o como para pastéis de bacalhau.

Misture o puré de batata com o bacalhau e o tomate previamente escaldado, limpo e picadinho. Junte as gemas e as natas e bata tudo muito bem. Rectifique de sal e tempere com pimenta.

Deite o preparado numa telha ou tabuleiro, previamente untados com manteiga, e polvilhe com o queijo ralado.

Leve a forno médio (160º), cerca de 30 minutos, até alourar bem. Sirva de imediato.
http://confessionáriododito.blogspot.com

sábado, 3 de setembro de 2011

REMINISCENCIAS...mais um trechinho..


(...)De outra vez uma irmã do Padre Tavares foi raptada por um negro, que morava nas cercanias, juntamente com outros negros que vieram fugidos em busca de ouro. O Padre Tavares iludiu-os dizendo-lhes que concordava e que realizaria o casamento. E assim voltou à vila e relatou a Antônio Rodrigues Velho o ocorrido. Logo que o Padre iniciou a missa para a celebração do casamento, os negros foram cercados e presos.
O raptor da jovem foi morto e esquartejado e os demais punidos severamente. Terríveis histórias, em ambas os casos, o Velho da Taipa foi juiz e carrasco. É o que o povo conta. O capitão-mor Antônio Rodrigues Velho, um dos fundadores da Vila de Pitangui, e seu primeiro juiz ordinário faleceu em 1765.(...)

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

"REMINISCENCIAS DO CENTRO OESTE MINEIRO" FERNANDO MARTINS FERREIRA


REMINISCENCIAS DO CENTRO OESTE MINEIRO:

Em Reminiscências do Centro Oeste Mineiro, o autor mergulha no tempo e vai de encontro ao Brasil Colônia. Especificamente ao centro oeste de Minas Gerais. Inicia sua viagem, juntamente com os bandeirantes, por Pitangui, “celula mater” da região. O autor conta da descoberta do ouro, da exploração, das revoltas sangrentas (e pouco difundidas) contra os reinóis. Aborda também temas como escravidão e pena de morte, a importância do negro na colonização da região (criação dos quilombos). Um dos pontos altos do livro são com certeza os capítulos sobre D.Joaquina de Pompeu e Maria Tangará. Afinal, eram elas ruins como afirmam? Outros personagens históricos como o bandeirante Antônio Rodrigues Velho, o velho da Taipa, Borba Gato e Padre Belchior tem suas histórias contadas em detalhes emocionantes. O autor também conta a história de algumas cidades da região. São elas: Conceição do Pará- Divinópolis- Itapecerica-Itauna- Nova Serrana- Para de Minas e São Gonçalo do Pará e entre uma história e outra, deliciosos “causos” acontecidos na região. Leitura recomendada para leitores dos 8 aos 80 anos. A linguagem é leve agradável, uma verdadeira aventura.


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PARTIR- FLAVIO MARCUS DA SILVA


7 - Partir


O jovem Pierre acordou às três da madrugada, todo molhado de suor, apesar do frio intenso que invadia o seu quarto pelas frestas da janela, em rajadas de vento e neve.
Enrolou-se num pesado casaco de lã e foi alimentar o fogo na lareira.
Às quatro horas ele daria início à limpeza do cadafalso, pois antes mesmo do nascer do sol haveria uma nova execução, seguida de outras trinta, naquele dia sombrio de inverno do ano de 1793, em Paris.
Esfregou vagarosamente as mãos sobre o fogo que ardia e estalava num dos cantos do quarto, pensando, com tristeza, nas expressões de espanto, desespero, ódio, angústia, medo, e também de indiferença e resignação, que tantas vezes ele vira nos rostos dos condenados, minutos antes da lâmina da guilhotina deslizar seu peso entre as hastes de madeira e cortar fora as suas cabeças. Algumas rodopiavam no ar antes de cair na cesta de vime que ficava no chão, próximo ao patíbulo. Outras, maiores, mais redondas e gordas, caíam como jacas maduras, ou – para não nos afastarmos muito do cenário francês – como pesados queijos Roquefort, sem muita acrobacia, produzindo, ao atingir o fundo da cesta, um baque só um pouco mais audível que o de uma cabeça menor. Outras, porém, devido ao formato do crânio e da face, ou talvez em decorrência de uma contração muscular anormal no pescoço do condenado, além de rodopiarem várias vezes no ar, saltavam dos troncos com tanta força, que caíam fora da cesta até dois ou três metros adiante, para delírio da multidão que se aglomerava ao redor da guilhotina.
O que pensavam os infelizes naquela hora? O que passava pelas suas cabeças nos segundos que antecediam a decapitação? O que eles sentiam no momento em que a lâmina ceifava a carne e os ossos dos seus pescoços? E no segundo seguinte, quando a cabeça, já separada do tronco, caía ao chão?
“Tenho que ir”, disse para si mesmo o jovem Pierre, enquanto comia um pedaço de queijo e se dirigia à saída, espantando com o pé esquerdo uma enorme ratazana que seguia lentamente pelo corredor.
Lá fora o frio era cortante, mas Pierre estava bem agasalhado; e também aquele não era o seu primeiro inverno como trabalhador pobre nas madrugadas escuras e geladas de Paris.
Quando ele chegou à praça onde se erguia o cadafalso, o vento soprava preguiçosamente alguns pequenos flocos de neve, castigando-lhe a face desprotegida, que ardia e queimava de frio. Havia neve depositada no chão de terra batida, mas não em quantidade suficiente para esconder as marcas de sangue deixadas por algumas cabeças, que tinham sido lançadas ao solo, como balas de canhão, no dia anterior. A lâmina encontrava-se também com manchas e respingos escuros de sangue coagulado e congelado, assim como a parte do estrado que ficava próxima ao local de decapitação.
Seu trabalho era limpar tudo aquilo até a chegada da carroça que traria o primeiro condenado do dia, juntamente com uma multidão de curiosos, que se deliciava com cada espetáculo do Terror.
Começou a limpeza pela lâmina, que ele esfregou com força até que todos os resíduos de sangue desaparecessem, tomando muito cuidado para conservar intactos os seus dedos, que, mesmo enluvados, tremiam de frio. Depois começou a esfregar o chão do estrado, cujas manchas resistiam mais à escova e ao sabão; mas foi interrompido pela chegada de um amigo, que subiu a escada sorrindo, meio cambaleante, como se acabasse de sair de uma festa.
“Olá, Henri”, disse o jovem Pierre, levantando-se lentamente e abrindo caminho para o amigo passar.
“Pierre, meu caro... Não tenho muito tempo para você hoje... Aliás, em breve não terei tempo para mais nada... Só vim para te esclarecer uma dúvida que, na última vez que nos encontramos, neste mesmo cadafalso, você começou a me explicar, mas não terminou, porque fomos interrompidos pela chegada da carroça, lembra?”.
“Claro que me lembro!”, disse Pierre, empolgado, com os olhos pregados no rosto pálido do amigo, que perguntou: “E então?”.
Em resposta, Pierre reformulou a sua dúvida: “Naquele dia, o que eu queria saber era se a cabeça, separada do tronco, logo após o encontro da lâmina com o pescoço, tem consciência de que ela se encontra decapitada”.
Henri passou a mão direita em seu pescoço nu, seguindo com os dedos o contorno de uma linha avermelhada e grossa que o rodeava como um cordão apertado, e respondeu:
“Como eu mantive os olhos abertos, pude ver uma parte do estrado e também a cesta de vime, que ficava ali embaixo. Ouvi as pessoas gritando e também o assobio da lâmina que descia veloz. Naquele momento, a única imagem que me veio à mente foi a do meu filho de dois anos correndo e brincando no pátio da nossa casa, feliz, enquanto eu lia um livro de M. de Voltaire. Mas quando a lâmina separou minha cabeça do tronco, no exato momento do corte, tanto a imagem reconfortante da memória quanto a da terrível realidade desapareceram, para no mesmo instante darem lugar a um turbilhão de imagens confusas, mas que eu pude identificar como sendo o céu, o sol, as pessoas, os prédios, o chão, tudo em movimento, girando, até eu ver, numa espécie de fixidez instável – como se eu estivesse bêbado –, os pés de uma enorme multidão”.
“Mas e depois?”, perguntou Pierre, interessado.
“Depois, no instante seguinte, eu vi uma luz, uma luz branca que brilhava intensamente à minha frente, e eu estava de pé, com a cabeça de volta ao tronco, sem dor, sem medo,sentindo uma espécie de chamado, um chamado silencioso, vindo da luz. Mas eu não queria entrar. Eu lutei, desvencilhei-me daquele campo de forças com determinação... gritei que não, que não... E aqui estou eu: um morto que vaga pela cidade, e que é visto por alguns, como você, que possuem um dom especial que eu ainda não sei explicar...”.
Henri fez uma breve pausa, enquanto olhava o vazio, e continuou:
“Mas como eu disse, não dá mais para ficar. Vou me entregar. Eles já me procuram, me cercam, tentam uma aproximação... Vou me entregar, Pierre... vou partir, como muitos
outros partiram... Partir...”.
Silêncio.
Os dois amigos se olharam, preparando-se para um abraço fraterno, quando, de repente...
“A carroça”, disse Pierre, levantando os olhos em direção à avenida, e, no segundo
seguinte, voltando-se novamente para o amigo: “Henri...”.
Mas ele já tinha partido.
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