terça-feira, 28 de agosto de 2012

A AVAREZA - DO LIVRO: "OS SETE PECADOS CAPITAIS"(2010)-FERNANDO MARTINS FERREIRA

A Avareza “O avarento é o mais leal depositário dos bens de seus herdeiros” Marquês de Marica A avareza simboliza o desejo desordenado pelos bens terrestres. Segundo o conceito cristão, o homem se preocupa em acumular bens que não consegue levar para o céu e que conduz à idolatria, por tratar algo como se fosse de Deus. E a cobiça dos bens materiais e dinheiro entende-se como a ambição por riquezas. É também o desejo veemente, intenso e violento de possuir algo. O avaro tem apego excessivo a alguma coisa levado pelo grande medo de faltar, é sinônimo de ganância ou seja, vontade exagerada de posse. Para o avaro, os bens materiais deixam se ser um meio para aquisição de bens e serviços para a satisfação de necessidades, mas um fim em si. No conceito popular é o muquirana, o pão duro, o sovina, o unha de fome, o mão de vaca, o Nhônhô Correia (personagem de uma novela da TV Globo). O personagem Tio Patinhas da Disney, personifica o quadro, se lembra dele? O “avarento” renega aos próprios desejos e necessidades para apenas ter uma possibilidade de gozar de fato, de poder assim possuir um pouco mais de dinheiro em sua conta bancária. Não liga a mínima para valores imateriais como cultura, arte, amor, inteligência, beleza, pois são elementos abstratos e não podem ser transformados em dinheiro. Não sabem apreciar, mas às vezes usam desses valores para se enriquecer um pouco mais. Veja o exemplo a seguir: Conta-se que nos alpes italianos existia um pequeno vilarejo que se dedicava à cultura de uvas para a produção de vinho. Uma vez por ano acontecia uma grande festa para comemorar o sucesso da colheita e se fazer novos negócios. Para lá se dirigiam comerciantes e exportadores de vinho da região. A tradição exigia que nesta festa cada morador do vilarejo trouxesse um garrafão do seu melhor vinho para colocar dentro de um grande barril que ficava na praça central. Assim todos se serviam do vinho, festejavam e faziam grandes negócios. Porém, um dos moradores pensou: “Por que deverei levar um garrafão do meu melhor vinho? Levarei água pois no meio de tanto vinho bom o meu não fará falta. Guardarei o meu e o venderei por um bom preço e assim aumentarei um pouco mais a minha fortuna”. Assim pensou e assim fez o avarento produtor. Conforme o costume, em determinado momento, todos se reuniram na praça, cada um com sua caneca, para provar aquele vinho, cuja fama se estendia muito além da fronteira do país. Contudo, ao abrir a torneira um absoluto silêncio tomou conta da multidão. Do barril saiu ... água! A ausência de minha parte não fará falta foi o pensamento de cada um dos produtores. O escritor Ralph Waldo Emerson, em “A conduta para vida”, diz sabiamente: - “Há homens nascidos para possuir e que sabem vivificar tudo que possuem. Outros não o sabem; a sua riqueza falta graça, parece um compromisso firmado com o seu caráter. Dir-se-ia que roubam os próprios dividendos. Deveriam possuir aqueles que sabem administrar, não os que acumulam e dissimulam, não aqueles que quanto mais possuem, mais mendicantes se mostram, porém aqueles cuja atividade da trabalho a maior número, abre caminho para todos”. Segundo São Tomás de Aquino, o grande filósofo cristão, a avareza possui sete filhos: a traição, a fraude, a mentira, o perjúrio, a inquietude, a violência e a dureza do coração. Segundo ele a avareza comporta atitudes, uma das quais é o excesso de apego ao que se tem, do qual procede a dureza do coração, o ser desumano que se opõe à misericórdia, porque evidentemente o avaro endurece o seu coração e não se vale de seu bens para socorrer misericordiosamente o próximo. Inquietude: na ânsia de amealhar bens, o homem se torna preocupado, desconfiado e inquieto. Violência: Pois na ânsia de amealhar bens alheios ele pode servir-se da força ou violência. E se ele engana alguém para lucrar, seria mentira e se essas palavras enganosas forem acompanhadas de juramento será perjúrio. Por amor ao dinheiro muitos praticam a mentira, a fraude. Quantos quilos que só possuem 900 gramas, quantos litros que só tem 980 ml, quantos produtos falsificados (combustível, entre tantos). Quanta trapaça, quanta enganação em nome da avareza. Todo avarento é pobre, vive sentado sobre o seu dinheiro, não gasta nada, passa até privações, não oferece nada a ninguém e guarda seus bens com a ferocidade de um animal selvagem. Ele com certeza é um infeliz pois vive eternamente em guarda, com medo de perder o seu rico dinheirinho ou outro bem que possui. Desconfia de tudo e de todos, achando que as pessoas se aproximam dele somente com a finalidade de extorquir-lhe algo. Não existe a avareza somente com bens e dinheiro, existem os avaros de carinho, de solidariedade, o avaro de amor, pois o avaro não conjuga e até mesmo odeia o verbo dar. O pecado da avareza não é uma prerrogativa dos ricos e endinheirados. Existem também os muitos pobres, avarentos de coração, secos, incapazes de um beijo, de um afago, muito menos de uma lágrima, pois esses gestos transmitem amor, e eles não sabem e têm medo de se doar. Pessoas que dão excessivo valor aos bens materiais precisam acreditar que são superiores para compensar um profundo complexo de inferioridade e crença na falta de sentido em que vivem. Para Carlos Heitor a avareza é: “O excesso de amor aos bens materiais. Nos dias atuais o neoliberalismo é avaro quando prega o lucro acima de tudo. É a avareza em estado exacerbado”.

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