domingo, 20 de maio de 2012

OS TRES ULTIMOS DESEJOS DE ALEXANDRE, O GRANDE-TEXTO DE FERNANDO MARTINS FERREIRA

Alegre-se comigo caro leitor. Hoje é um grande dia, após 60 dias internado, recebi alta finalmente. Estou indo para casa, rever meus pais, irmãos, parentes e os amigos. O período de convalescença não será fácil, sei disso. Terei que ter muita determinação, paciência e força de vontade para fazer toda sequencia de fisioterapia que me fará andar novamente. Mas é uma meta traçada, e com ajuda de Deus, fortalecerei a cada dia os membros inferiores, já que os superiores já retomaram os movimentos, graças aos bons fisioterapeutas. Interessante nesse processo todo é que me tornei mais emotivo, conversei sobre isso com a psicóloga que acompanha os pacientes pós CTI e ela me disse ser normal isso acontecer. Isso tem refletido também na minha forma de escrever , sinto-me mais solto, coloco mais facilmente hoje minhas emoções nos textos, sem maiores preocupações. Sinceramente estou gostando disso, é como se eu estivesse vendo a vida por outro prisma. Estou indo para casa, mas antes gostaria de deixar-lhes uma bela história e por que não uma grande lição de vida. Vejam só: Alexandre III nasceu em 20/07/356 a.c em Péia na Macedônia. Foi um dos três filhos de Felipe II e Olímpia de Epiro. Tornou-se rei aos 20 anos, após o assassinato de seu pai. Alexandre, também chamado Magno, foi o mais célebre conquistador do mundo antigo. Conquistou tudo o que desejava. Seu império ia dos Bálcãs à Índia, incluindo o Egito e a Báctria (atual Afeganistão). Nunca houve um império tão grande e tão rico. Alexandre era um general hábil, sagaz e extremamente inteligente. Foi maior de todos, pois jamais perdeu uma batalha. Pois bem, esse grande homem, antes de morrer em 10/06/323 a.c, aos 33 anos, reuniu seus generais mais próximos e expôs seus ter últimos desejos: Seus três últimos desejos: 1) Que seu caixão fosse transportado pelas mãos dos médicos da época, 2) Que fosse espalhado no caminho até seu túmulo, os seus tesouros conquistados como prata, ouro e pedras preciosas, 3) Que suas duas mãos fossem deixadas balançando no ar, fora do caixão., à vista de todos. Um dos generais, admirado com esses desejos insólitos, perguntou a Alexandre, quais as razoes desses pedidos e ele explicou: 1) Quero que os mais iminentes médicos carreguem meu caixão para mostrar que eles NÃO têm o poder da cura perante a morte; 2) Quero que o chão seja coberto pelos meus tesouros para que as pessoas possam ver que os bens materiais aqui conquistados, aqui permanecem; 3) Quero que minhas mãos balancem ao vento para que as pessoas possam ver que de mãos vazias viemos e de mão vazias partimos. Pense nisso! A propósito, Alexandre, O grande, foi discípulo do filósofo Aristóteles. http://fermafer.blogspot.com femafer@hotmail.com DIA 04/05/2012 -DO HOSPITAL SEMPER-BH TEXTO PUBLICADO NO: JORNAL DA CIDADE ON LINE- RECANTO DO ESCRITOR- PREMIO JORGE AMADO DE LITERATURA-LITERATURA É ARTE- V.I.P.S. DO FACE BOOK- ITABIRANOS SEM CENSURA-FILOSOFLEXAS- ARTE & MANIA- PROFISSIONAIS DA TELEVISÃO

quinta-feira, 17 de maio de 2012

SOBRE LIVROS,CORPOS E ALMAS-TEXTO DE FLAVIO MARCUS DA SILVA(FOTO)

Sexta-feira, na academia, quando eu estava na bicicleta suando a cântaros e lendo Big Sur, de Jack Kerouac, um aluno meu da faculdade se aproximou de mim para conversar. Interrompi a leitura e abaixei o livro até próximo ao banco da bicicleta, marcando a página com o dedo indicador. Terminada a conversa, ao recomeçar a leitura, percebi que o suor que escorria pelo meu braço havia ensopado a página do livro que eu tinha marcado e se acumulado numa das bordas, molhando também outras páginas. O livro é uma edição de bolso da L&PM, muito boa de ler. [...] Trago-o agora pra junto do computador e verifico o resultado desse meu descuido, depois de seco. Folheio o livro várias vezes, sentindo sua textura, e observo as páginas tortas, com alguns calombos nas partes atingidas, mas sem nenhum borrão. Abro o livro na página onde está o marcador e leio ao acaso: “E com todas as escuridões róseas enevoadas de tons variados e sombras tranqüilas para expressar a efemeridade real da noite”. Vou lá no início e leio: “A infância da simplicidade de apenas ser feliz num bosque, sem se dobrar às idéias de ninguém sobre o que fazer, o que deve ser feito”. Fecho o livro e admiro sua capa: um carro seguindo por uma estrada deserta, e logo acima do título a frase de Allen Ginsberg: “Cada livro de Jack Kerouac é uma peça única, um diamante telepático”. Folheio-o novamente, várias vezes, acaricio a lombada com o dedo indicador da mão esquerda, viro-o de um lado para o outro e deixo-o sobre uma cadeira, bem ao lado de uma taça de vinho: um tinto português do Vale do Douro que eu abri ontem à noite e que, agora, neste início de tarde, eu continuo a beber, pensando: “As uvas daquele vale tiveram que dar sua alma para que esta maravilha pudesse ser produzida, e o mesmo eu digo do Kerouac, que pôs toda sua alma indomável neste livro extraordinário”. Olho para o livro e para o vinho e me emociono, mais ou menos como me emocionei quando segurei pela primeira vez uma edição antiga de O Caso Morel, de Rubem Fonseca, e senti suas páginas amarelecidas pelo tempo, pressentindo o prazer da leitura que em breve eu faria; ou quando eu me encontrava nas páginas finais de Trem noturno para Lisboa, de Pascal Mercier, e não queria terminar e segurava o livro junto ao peito numa espécie de abraço de despedida; ou quando cheguei à livraria Ouvidor em Belo Horizonte e tirei meu livro da estante, li meu nome na capa e folheei-o, pensando: “É meu, fui eu que escrevi”. São esses tipos de experiências sensoriais com os livros que muita gente vai perder se leitores eletrônicos de livros eletrônicos se popularizarem no mundo. Para mim, o livro Big Sur, de Jack Kerouac, possui uma alma imortal que cabe em vários corpos – grandes, pequenos, com capas duras ou não, com ilustrações ou não –, mas não consigo me imaginar lendo Big Sur num corpo e depois usar esse mesmo corpo (uma máquina) para ler Crime e Castigo, de Dostoievski. Pra mim, a alma de Big Sur tem que fazer conjunto com o seu corpo e permanecer nele (só nele) como uma unidade, mesmo que essa alma esteja, ao mesmo tempo, em vários outros corpos (várias edições, em várias línguas). No caso dos livros, usar o mesmo corpo para receber centenas e milhares de almas diferentes pode ser ecologicamente correto, mas não faz bem para o meu espírito de leitor [...]. Volto agora da minha estante trazendo uma bela edição francesa de Crime e Castigo e folheio-a várias vezes. Sinto novamente a alma do livro naquele corpo já bastante manuseado por ávidas mãos de leitor apaixonado. Abro o livro e passo suas páginas pelo meu rosto e pelos meus lábios secos; sinto o cheiro das folhas, sua textura fina, bem diferente da textura da edição brasileira de Big Sur. Vou à página 577 e leio a última frase, seca, dura, fria: “On pourrait y 86 trouver la matière d’un nouveau récit, mais le nôtre est terminé”. Depois de tudo que eu sofri e chorei e amei e odiei, aquilo: “...mas o nosso relato terminou”. Não preciso digitar nada ou clicar em lugar nenhum para reler essa frase, só puxar o livro da estante e abrir no lugar certo. Como vai ser? Será que eu não vou mais poder passar horas numa livraria tocando e folheando os livros? Será que vai ser tudo pela internet? Não dá pra acreditar. Todo aquele ritual mágico de escolher um livro substituído por “Digite sua senha. Escolha o título. Digite o número do seu cartão. Transação efetuada”. Que coisa horrível! E depois? Terminada a leitura, naquele mesmo corpo penetra uma outra alma, bem diferente da anterior (Que esquisito!); e eu não posso folhear, sentir texturas, cheiros, fazer carícias, porque aquele corpo não tem folhas e suas texturas e cheiros são únicos, sempre os mesmos, e nunca estarão em comunhão com a alma daquele livro. Nunca. Livros são corpos e almas em comunhão, uma união mágica entre sentimentos, lembranças, sonhos, texturas, cheiros, letras, capas e imagens diferentes. A meu ver, o leitor eletrônico, ao padronizar o corpo, vai tirar o encanto e a magia dessa união. Tudo isso é ainda muito nebuloso pra mim. Mas pelo menos por enquanto eu não consigo perceber o lado positivo deste enorme avanço tecnológico e ecologicamente correto para a Leitura no Brasil. 87 QUEM É MARCUS FLÁVIO DA SILVA Nascido em Pará de Minas- MG em 1975. Possui graduação em História pela Universidade Federal de Minas Gerais (1997) e doutorado pela Universidade federal de Minas Gerais (2002) com estágio (Doutorado- sanduíche/CAPES) na Universidade de Lisboa- Portugal (2002). Atualmente é Vice- diretor da Faculdade de Pará de Minas- FAPAM-(MG) onde já exerceu os cargos de Coordenador do Curso de História, coordenador do NUPE- Núcleo de Pesquisa, e foi professor nos cursos de História e Administração. Atualmente leciona nos cursos de Direito e Pedagogia. É autor do livro SUBSISTENCIA E PODER: a política do abastecimento alimentar nas Minas Setecentistas (Editora UFMG -2008) e de artigos publicados em periódicos e livros de História. Um de seus trabalhos foi publicado no livro HISTÓRIA DE MINAS GERAIS- As Minas Setecentistas (Editora Autentica 2007) obra vencedora do PREMIO JABUTI 2008 na categoria Ciências Humanas. Atualmente exerce também a função de Pesquisador Institucional da Faculdade de Pará de Minas junto ao Ministério da Educação, sendo responsável pelo acompanhamento dos processos e renovação de reconhecimento dos cursos de graduação da IES. Em 2009 foi eleito para a Academia de Letras de Pará de Minas. www.nwm.com.br/fms

quarta-feira, 16 de maio de 2012

REITOR FAIÇAL DAVID CHEQUER:IMORTAL-TEXTO DO PROF.ARNALDO DE SOUZA RIBEIRO(FOTO)

A imortalidade é uma espécie de vida que nós adquirimos na memória dos homens. Denis Diderot. Filósofo e escritor francês. Nasceu em Langres, no dia 5 de outubro de 1713 e faleceu em Paris, no dia 31 de julho de 1784. 1. Introdução Na tarde de quarta-feira, dia 25 de abril de 2012, às 16 h, em erudita e concorrida solenidade no Salão de Convenções do Windsor Guanabara Hotel - Rio de Janeiro ocorreu a Sessão Solene de Posse e Diplomação dos novos Membros Titulares Acadêmicos - que foram indicados e eleitos em Assembléia Geral, por unanimidade de votos, para compor o Quadro de Imortais da Academia de Ciências Econômicas, Políticas e Sociais - ANE, da capital fluminense. Naquele dia foram empossados o Governador de Minas Gerais, Antônio Augusto Junho Anastasia e o Magnífico Reitor da Universidade de Itaúna, Prof. Faiçal David Freire Chequer, eleitos para as cátedras de números 4 e 16, respectivamente. No início dos trabalhos foi apresentado um vídeo sobre a Academia, constatando-se que, sua história confunde-se com a história recente do Brasil. Em seguida leu-se os currículos dos novos imortais, efetuou-se a entrega dos Diplomas e colheu-se as assinaturas de cada um em livro próprio. 2. Academia de Ciências Econômicas, Políticas e Sociais - ANE Fundada no dia 18 de agosto de 1944, integram-na pensadores de notável e inquestionável saber nas Ciências ou profissões por ela abrangidas. Para estimular o progresso e o desenvolvimento das Ciências Econômicas, Políticas e Sociais estuda e discute assuntos relativos a elas e, sobretudo, colabora na preservação da história e da memória das ciências e dos profissionais que a ela se vincularam no passado e estão vinculados no presente. 3. O novo imortal A eleição e posse do Magnífico Reitor da Universidade de Itaúna, Prof. Faiçal David Freire Chequer, escudou-se nos relevantes serviços que prestou ao Ministério Público e, também, pelo arrojado trabalho que desenvolve em defesa da educação, principalmente no ensino superior frente à Universidade de Itaúna, Conselho Estadual de Educação. Pelo pioneirismo na criação de cursos superiores na região do Alto e Médio Jequitinhonha, somando-se ainda, os relevantes serviços que presta nos diversificados campos do saber e da assistência social, conforme comprovam o seu amplo currículo, as homenagens e os títulos anteriormente recebidos no Brasil e no exterior. 4. Imortais do passado e do presente Pertenceram à Academia Belarmino Maria Austregésilo Augusto de Athayde, Alexandre José Barbosa Lima Sobrinho, Celso Monteiro Furtado, Darcy Ribeiro, Fernando Henrique Cardoso, Getúlio Dorneles Vargas, Itamar Franco, José Alencar Gomes da Silva, Juscelino Kubistchek de Oliveira, Mário Henrique Simonsen, Oswaldo Euclides de Souza Aranha, Paulo Freire, Roberto Marinho, Santiago Dantas, Tancredo de Almeida Neves, Gilberto Freire, Paulo Freire, Ulisses Guimarães, Zilda Arns Neumann e pertencem, atualmente, Aécio Neves da Cunha, Ellen Gracie Northfleet, Dilma Vana Rousseff, Gilmar Mendes, Janir Adir Moreira, Marco Aurélio Mello, Misabel de Abreu Machado Dercy, Sacha Calmon Navarro Coelho, dentre outros. 5. A importância do titulo A importância deste título para as comunidades - itaunense e mineira comprovou-se pelo expressivo número de pessoas ligadas ao judiciário, legislativo, advogados e educadores que se fizeram presentes para externar ao novo imortal o reconhecimento e as homenagens. Itaúna, 09 de maio de 2012. Nota: Texto publicado no Jornal Impacto Cidades – Ano II – N. 11 – Edição de abril de 2012, com circulação a partir do dia 11 de maio de 2012 – Paginas 4 e 5. * Arnaldo de Souza Ribeiro é Doutorando pela UNIMES – Santos - SP. Mestre em Direito Privado pela UNIFRAN – Franca - SP. Especialista em Metodologia e a Didática do Ensino pelo CEUCLAR – São José de Batatais – SP. Advogado e conferencista. Coordenador e professor da Faculdade de Direito da Universidade de Itaúna – Itaúna – UIT - MG. Professor convidado da Escola Fluminense de Psicanálise – ESFLUP – Nova Iguaçu - RJ. Sócio efetivo da Associação Brasileira de Filosofia e Psicanálise – ABRAFP. Email: souzaribeiro@nwnet.com.br

sábado, 12 de maio de 2012

DIA PRIMEIRO DE MAIO- DIA DO TRABALHADOR-TEXTO DE FERNANDO MARTINS FERREIRA

“O Dia do Trabalho é comemorado no dia 1º de maio no Brasil e em vários países do mundo é feriado nacional, dedicado a festas, manifestações, passeatas, exposições e eventos reivindicatórios. A História do Dia do Trabalho remonta o ano de 1886 na industrializada cidade de Chicago (Estados Unidos). No dia 1º de maio deste ano, milhares de trabalhadores foram às ruas reivindicar melhores condições de trabalho, entre elas, a redução da jornada de trabalho de treze para oito horas diárias. Neste mesmo dia ocorreu nos Estados Unidos Estados uma grande greve geral dos trabalhadores.” Gostaria de refletir nesse dia sobre o trabalho em si, uma vez que que o trabalho é considerado uma virtude moral. Tecnicamente é a aplicação das forças e faculdades humanas para alcançar um determinado fim, é o que diz o dicionário. Sabemos que o espírito se aprimora pelo trabalho e que não se lapida um caráter sem ele. È imprescindível, portanto, que o homem, se mantenha por si próprio, sem se tornar um parasita ou uma carga no ombro dos outros. Não devemos nos esquecer que o Mestre Jesus, foi operário., nasceu pobre e ganhava a vida com o seu trabalho, com suor de seu rosto. Temos vários exemplos: Henry Ford que é considerado o pai da indústria automobilística mundial (produção em série etc) teve exemplo nos pais que eram pessoas muito trabalhadoras, ele contava que sua mãe trabalhava todos os dias, desde o raiar do sol, até altas horas da noite e, no entanto jamais mostrava sinais de cansaço. Certo dia, o menino Henry perguntou: Mãe porque a senhora não se cansa apesar de trabalhar tanto?- Tenho tantos afazeres importantes que tenho que executar que não tenho tempo de me sentir cansada, respondeu ela. Henry Ford levou a lição para o resto da vida. A Bíblia em sua imensa sabedoria, nos ensina em Eclesiastes 2:22: “ Não há nada melhor para o homem que comer, beber e gozar do bem estar no seu trabalho. Mas eu notei que também isso vem da mão de Deus; pois, quem come e bebe senão graças a Ele? Aquele que lhe é agradável, Deus dá sabedoria, ciência e alegria; mas ao pecador ele dá a tarefa de recolher e acumular bens, que depois passará a quem lhe agradar. Isso é ainda vaidade e vento que passa.” Outra história de autor desconhecido, circulou em determinada época pela internet nos mostra também a força do trabalho.- Conta a história que um sábio passeava pela floresta explicando a seu discípulo a importância dos encontros inesperados. Segundo o mestre, tudo que esta diante de nós, nos dá uma chance de aprender ou ensinar. Cruzaram a porteira de um sítio, que embora bem localizado com um belo riacho de águas límpidas e terras férteis, tinha uma aparência miserável, a casa em ruínas, as cercas quebradas, o mato crescia por todos os lados. A miséria era visível. - Veja esse lugar comentou o discípulo. O senhor tem razão: Acabo de aprender que muita gente esta no paraíso, mas não se da conta e continua a viver miseravelmente. - Eu disse aprender e ensinar- retrucou o mestre, constatar o que acontece aqui não basta, é preciso verificar as causas, pois só entendemos o mundo quando entendemos as causas. Bateram à porta da casa e foram recebidos pelos moradores. Um casal e três filhos já adolescentes com as roupas esfarrapadas e sujas. – O senhor esta no meio dessa floresta e não há comercio na redondeza. Disse o mestre para o dono da casa- como sobrevivem aqui? E o homem indolentemente respondeu: Colhemos frutas da mata, e temos uma vaquinha que nos dá leite todos os dias. Uma parte do leite nós fazemos queijo e o vendemos ou trocamos por alimentos na cidade vizinha. E assim vamos vivendo com a graça de Deus. O mestre agradeceu a informação, observou por um tempo o local e foi embora. No meio do caminho disse ao discípulo: Pegue aquela vaquinha leve-a ao precipício ali em frente e jogue-a lá embaixo. Mas mestre, ele é o único bem da família e a única forma de sustento deles! O mestre permaneceu silencioso e sem ter alternativa, o rapaz fez o que lhe fora pedido. A vaca morreu na queda. A cena jamais se apagou da memória do jovem discípulo. Depois de muitos anos, resolveu voltar àquela mesma casa, iria contar tudo à família, pedir perdão e ajudá-los de alguma forma. Porém, qual não foi sua surpresa ao ver o local transformado num belo sítio com árvores frutíferas, carro novo na garagem, trator no páteo, casa de alvenaria com uma grande varanda em volta e um lindo jardim em sua frente . Ficou apavorado imaginando que a família humilde tivera que vender o sítio para sobreviver. Apertou o passo e foi recebido por um caseiro simpático e alegre. Para onde foi a família que vivia aqui há anos perguntou aflito. - Continuam donos do sítio- foi a resposta que recebeu. Espantado, ele entrou apressadamente na casa e o senhor o reconheceu. Perguntou como estava o velho mestre, mas o rapaz estava ansioso para saber como conseguira melhorar aquele sítio e deixando-o lindo daquela maneira. – Bem, nós tínhamos uma vaquinha que vocês viram, ela caiu no precipício no mesmo dia que vocês vieram, e morreu. Disse o senhor. Então para sustentar minha família tive que plantar legumes, hortaliças e ervas aromática. As plantas demoravam a crescer e comecei a cortar madeira seca para vender. Ao fazer isso tive que replantar as arvores e então precisei de comprar mudas. Ao comprar mudas, lembrei que meus filhos precisavam de roupas e pensei também que podia cultivar um pouco de algodão pois o clima é propício. Passei um ano muito difícil, tive até que roçar pasto para os vizinhos para ganhar um dinheirinho para manter a minha família. Quando a colheita chegou, eu já estava vendendo na cidade meus legumes, hortaliças e ervas. Meus filhos foram crescendo e resolvemos montar na cidade um local para vendermos diretamente ao consumidor nossas mercadorias orgânicas e assim a cada ano, aumentamos nossa produção e até tivemos que comprar uma gleba de terra ao lado da nossa. Nunca havia me dado conta de todo o meu potencial, ainda bem que a vaquinha morreu. Concluiu o homem. O trabalho só não é uma virtude, quando existe o excesso. Isso pode representar um sinal de fuga, para não entrarmos em contato com nossas dificuldades. Não podemos nunca nos esquecer que somos seres complexos, não somos só trabalho. Somos também diversão, relacionamento afetivo e prazeres. Quando só se pensa em trabalho com certeza algo está errado e algo muito importante esta deixando de ser feito. O que é? Ser feliz, por exemplo. PS: Hoje até que enfim tive a grande notícia. Terei alta na sexta feira próxima. A infecção foi finalmente controlada, rins funcionando bem e o coração idem. Felicidade? Puríssima felicidade. Afinal, hoje completam 60 dias fora de casa. Minha irmã Heliane, num arroubo de alegria, abraçou alegremente a portadora da notícia, a Dra.Lucia Cristina. PS 2- Minhas homenagens sinceras a todo trabalhador brasileiro e agradecimentos sinceros ao meu irmão Ernane e esposa Mariângela, a irmã Heliane, a minha filha Carol e genro Haroldo que se mostraram incansáveis com seus cuidados e disponibilidade. Aos demais irmãos, cunhadas, sobrinhos e amigos que de uma maneira ou de outra contribuíram para minha recuperação. Deus os abençoe. http://fermafer.blogspot.com femafer@hotmail.com DIA 01/05/2012 -DO HOSPITAL SEMPER-BH

quarta-feira, 9 de maio de 2012

PRIVADA DE OURO NAO FEDE MENOS-TEXTO DE FLAVIO MARCUS DA SILVA(FOTO)

32 - Privada de ouro não fede menos Em meados dos anos 80, meus avós e minha mãe tinham uma sapataria na Rua Benedito Valadares (a Sapataria Fabiano) onde eu às vezes ajudava as funcionárias no atendimento aos fregueses. Uma vez (lembro-me disso como se fosse ontem), uma freguesa entrou querendo trocar uma sandália, mas sem notinha, etiqueta ou embrulho que comprovasse a compra no estabelecimento, e ainda apresentando um produto que, sem sombra de dúvida, havia sido usado por um bom tempo. Quando foi informada de que a troca não poderia ser efetuada, a mulher (que devia ter uns 50 anos) disparou uma série de palavrões contra a moça que a atendia. Suas ofensas eram, em grande parte, escatológicas [ou seja, giravam em torno da noção de fezes]. Foi mais ou menos assim: “Quem você pensa que é ô vagabunda?” “O que é que você acha que tem aí dentro do seu bucho?” [acho que ela quis dizer intestino]. “Pétalas de rosa?” “Perfume?” “Pois fique sabendo que o seu bucho tá cheio de merda, de bosta fedida, igual ao bucho de todo mundo!” “Você acha que a sua bosta é menos fedida que a bosta dos outros?” (...) E a coisa prosseguiu nesse nível. Mas o que os nossos intestinos e seu conteúdo têm a ver com a indignação da mulher na cena descrita acima? Não preciso ir aos grandes historiadores da cultura para afirmar que as fezes (assim como a morte) são facilmente associadas na cultura popular a uma ideia de igualdade, e que jogar na cara de quem se julga superior que as suas fezes não fedem menos que as fezes dos outros alivia o peso da desigualdade gerada pelos sistemas econômicos do passado e do presente. Todo mundo caga. O presidente dos Estados Unidos caga. A rainha da Inglaterra caga. O juiz que humilhou um inocente na frente da sua família caga. O médico que tratou um idoso como se ele fosse um bicho caga [cabe lembrar que nenhum animal merece o tratamento que alguns médicos dispensam a seus pacientes em Pará de Minas]. Todos os ganhadores do Prêmio Nobel de Literatura, de Química e de Economia cagam. Todos que aparecem nas colunas sociais (ricos) ou nos noticiários policiais (pobres) cagam, etc. E não importa se eles comem caviar com champagne ou coxinha com guaraná. Com poucas diferenças, uma refeição de R$500,00, depois de passar pelos intestinos, fede tanto quanto um PF de R$8,00. É aí que está a igualdade. E quando alguém se sente humilhado ou injustiçado, a referência às fezes estabelece, pelo menos naquele momento, uma igualdade natural que, embora reduzida a quase nada pela desigualdade artificial do capitalismo, vem à tona por alguns instantes para dizer: “Você também não vale nada”. Como dizia Fernando Pessoa: “Nada fica de nada. Nada somos”. A mulher na sapataria sabia disso e perguntou: “Quem você pensa que é?” “Você acha que é melhor do que eu?”. Pascal Mercier, em seu belo livro Trem noturno para Lisboa, coloca na boca de um de seus personagens: “ A vaidade é uma forma ignorada de estupidez. É preciso esquecer a insignificância cósmica de todos os nossos atos para podermos ser vaidosos, e isso é uma forma flagrante de estupidez”. Ora, no mundo capitalista, então, a estupidez é algo natural. E em Pará de Minas acredito que ela é ainda mais marcante, fazendo ferver um substrato popular de escatologia igualitária, que vem à tona, de vez em quando, na forma de insultos repletos de referências aos nossos inocentes (e úteis) bolos fecais, direcionados contra pessoas consideradas vaidosas e orgulhosas. Talvez como um reflexo dessa cultura popular, a associação entre fezes e igualdade aparece também em textos que normalmente não são classificados como populares. Por exemplo, o poema Paixão de Cristo, de Adélia Prado: Apesar do vaso que é branco, de sua louça que é fina, lá estão no fundo, majestáticas, as que no plural se convocam: fezes. (...) Outro exemplo é o trecho a seguir, extraído do livro “A elegância do ouriço”, de Muriel Barbery: "Às terças e às quintas, Manuela, minha única amiga, toma chá comigo na minha casa. Manuela é uma mulher simples cuja elegância não foi despojada pelos vinte anos desperdiçados à cata de poeira na casa dos outros. (...) Convém saber que, quando vai à minha casa (...) Manuela já limpou com cotonetes as latrinas folheadas a ouro e que, apesar disso, são tão sujas e fedorentas como todas as privadas do mundo, pois, se existe algo que os ricos dividem a contragosto com os pobres, são os intestinos nauseabundos, que sempre acabam se livrando em algum lugar daquilo que os faz feder". Obs.: O computador insistiu para eu trocar o verbo cagar pelo verbo defecar, mas ignorei todas as suas súplicas. E chega de merda por hoje. QUEM É FLÁVIO MARCUS DA SILVA Nascido em Pará de Minas- MG em 1975. Possui graduação em História pela Universidade Federal de Minas Gerais (1997) e doutorado pela Universidade federal de Minas Gerais (2002) com estágio (Doutorado- sanduíche/CAPES) na Universidade de Lisboa- Portugal (2002). Atualmente é Vice- diretor da Faculdade de Pará de Minas- FAPAM-(MG) onde já exerceu os cargos de Coordenador do Curso de História, coordenador do NUPE- Núcleo de Pesquisa, e foi professor nos cursos de História e Administração. Atualmente leciona nos cursos de Direito e Pedagogia. É autor do livro SUBSISTENCIA E PODER: a política do abastecimento alimentar nas Minas Setecentistas (Editora UFMG -2008) e de artigos publicados em periódicos e livros de História. Um de seus trabalhos foi publicado no livro HISTÓRIA DE MINAS GERAIS- As Minas Setecentistas (Editora Autentica 2007) obra vencedora do PREMIO JABUTI 2008 na categoria Ciências Humanas. Atualmente exerce também a função de Pesquisador Institucional da Faculdade de Pará de Minas junto ao Ministério da Educação, sendo responsável pelo acompanhamento dos processos e renovação de reconhecimento dos cursos de graduação da IES. Em 2009 foi eleito para a Academia de Letras de Pará de Minas. www.nwm.com.br/fms

domingo, 6 de maio de 2012

0 MEDO - TEXTO DE FERNANDO MARTINS FERREIRA

A vida é feita de sonhos e concretizada no amor.Grande parte de nossos problemas é causado pelo medo. Medo de perder alguém que gostamos, de não conseguir o amor de alguém que desejamos, medo de ser rejeitado pela sociedade em que vivemos, medo de perder o emprego, medo de conseguir chegar lá, medo de rir, medo de demonstrar que se é feliz, medo de não ser levado a sério, medo de demonstrar amor. Medo... Medo esse que nos causa tristezas e conseqüentemente doenças. Muitas vezes fazemos projetos e que por medo acabam em desilusões e frustrações. Fazer a diferença significa atitude e vontade de mudar. Devemos ter em mente que ninguém agrada a todos e errar faz parte da natureza humana. Tem gente que vive anos e não deixam nada e outros que vivem pouco tempo na terra e deixam a sua marca. Há um provérbio árabe milenar e conhecido em todo o mundo, lembrando quatro coisas muito importantes que jamais retornam: -A palavra dada -A flecha desfechada -A vivencia que se teve - A oportunidade desperdiçada Certas pessoas orgulham-se de se proclamar conservadores, esquecendo-se que o comodismo é uma forma de medo. Hoje é o dia do aniversário de minha filha Caroline, a Carol. Como gostaríamos de comemorar de outra forma, mas de repente chegou ela e meu genro Haroldo Vianna no meu quarto de hospital e aqui mesmo, juntamente com minha irmã Heliane comemoramos, sem bolo, sem velinhas e sem presentes, mas com muito amor carinho e alegria. Por motivos óbvios minha netinha Mariah não pode estar presente, foi uma pena, mas ficou a promessa: Na festa junina da Mariah estarei presente. Medo de assumir compromissos? Nunca! Creia-me. Estarei lá com ajuda de Deus. Nunca desperdice uma oportunidade por medo, não deixe que seus problemas diários sejam maiores que sua alegria. DIA 29/04/2012 DO HOSPITAL SEMPER- http://fermafer.blogspot.com femafer@hotmail.com TEXTO PUBLICADO NO: JORNAL DA CIDADE ON LINE- RECANTO DO ESCRITOR- PREMIO JORGE AMADO DE LITERATURA-LITERATURA É ARTE- V.I.P.S. DO FACE BOOK- ITABIRANOS SEM SENSURA-FILOSOFLEXAS- ARTE & MANIA- PROFISSIONAIS DA TELEVISÃO

quarta-feira, 2 de maio de 2012

O FALCÃO, O MORCEGO E A ABELHA-TEXTO DE FERNANDO MARTINS FERREIRA

É sabido que se colocarmos um falcão em um cercado com um metro quadrado e deixarmos inteiramente aberto por cima, ele, apesar de sua incrível habilidade de voar, será um prisioneiro. A razão é que um falcão sempre começa o vôo com uma pequena corrida em terra. Sem o espaço para correr, nem mesmo tentará voar, permanecera prisioneiro pelo resto da vida nessa mesma prisão sem teto. O morcego criatura notadamente ágil no ar, não pode sair de um local nivelado. Se for colocado em um piso completamente plano, ficará andando de maneira desordenada, confusa, procurando uma ligeira elevação de onde possa se jogar. Uma abelha, se cair em um pote aberto ficará lá dentro até morrer. Não vê a saída no alto, por isso insiste em tentar sair através dos lados próximo a fundo. Procurará uma saída onde não existe nenhuma, até que venha a morrer de tanto se atirar contra o fundo do vidro. Há inúmeras pessoas como o falcão, o morcego e a abelha. Atiram-se obstinadamente sem ousar parar para pensar. A saída pode estar logo ali acima. Sem levantar a cabeça, sem ousadias, seguem a trilha deixada pelos outros e ficam frequentemente aprisionados ao passado... Esquecem-se de que a vida é um eterno abrir e fechar de ciclos. E se demoramos a fechar um que já se foi, com certeza, perderemos a alegria de viver. Sem pretensão, faço minhas as palavras de Martim Luther king Jr.-“É melhor tentar e falhar, que preocupar-se e ver a vida passar. É melhor tentar, mesmo que em vão, que sentar-se fazendo nada até o final. Prefiro ser feliz embora louco, que em conformidade viver. Eu prefiro na chuva caminhar, que em dias frios em casa ficar.”. Portanto: quebre regras, perdoe rapidamente, ame de verdade e nunca pare de sorrir. Vejam o que se passou comigo recentemente: quando estava internado no outro hospital, recebi a visita de uma queridíssima amiga. Passamos a tarde toda numa conversa agradabilíssima (sempre o é) ela acabara de chegar de uma viagem ao outro lado do mundo e me contava alegremente o exotismo e as belezas daquele país. Minha amiga é adepta de uma vida natural, caminha diariamente e faz parte de grupos de caminhada nos fins de semana, ou seja, definitivamente não leva uma vida sedentária. Uma semana após sua agradável visita tive a sepse e fui internado no CTI. Daí começa outra história: uma semana após sair do CTI, para surpresa de todos minha amiga passou muito mal e também foi internada no CTI. Meu Deus, como fiquei assustado e triste! Orei muito e enviei-lhe muita energia positiva. Ontem para minha alegria e emoção, recebi uma ligação dela, havia saído do CTI e em recuperação como eu. Rimos muito da situação, ela, sempre de bom astral e pronta para enfrentar o que vier pela frente. É uma guerreira, valente, obstinada! Com ela não existe lamentações e uma de suas musicas preferidas, “Vitoriosa” de Ivan Lins endossa minha admiração e sua coragem. Reafirmamos nosso compromisso feito quando de sua visita: um passeio a Tiradentes-MG, para almoçarmos e conversarmos muito. Ela alegrou minha tarde. A vida pode não ser a festa que esperávamos, mas uma vez que estamos aqui, temos que comemorar! Lembrem-se ainda: a destinação do homem é ser feliz, pois fomos criados para desfrutar a felicidade como efetivo direito natural. PS: Hoje estou duplamente feliz! Com o telefonema de minha amiga e por que foi identificada enfim a bactéria que estava me atacando e provocando a erisipela (infecção). Já tomei a primeira dose do antibiótico específico e espero que em breve estarei em casa, se Deus quiser. Méritos para toda incansável equipe de profissionais do Semper. Não tenho como agradecer o tratamento que tem tido comigo. DIA 28/04/2012 DO HOSPITAL SEMPER- http://fermafer.blogspot.com femafer@hotmail.com TEXTO PUBLICADO NO: JORNAL DA CIDADE ON LINE- RECANTO DO ESCRITOR- PREMIO JORGE AMADO DE LITERATURA-LITERATURA É ARTE- V.I.P.S. DO FACE BOOK- ITABIRANOS SEM SENSURA-FILOSOFLEXAS- ARTE & MANIA- PROFISSIONAIS DA TELEVISÃO-