terça-feira, 31 de julho de 2012

A INVEJA -DO LIVRO OS SETE PECADOS CAPITAIS (2010) FERNANDO MARTINS FERREIRA

“A inveja não é quereres o que o outro tem (isso é Cobiça), mas querer que ele não tenha. É essa a grande tragédia do invejoso”. Zuenir Ventura Podemos definir a inveja como um misto de raiva, ódio e desgosto provocado pela prosperidade ou alegria de outro. Ela é a antítese da caridade e simboliza o descontentamento em relação aos bens alheios. O alvo dos invejosos são as pessoas de vontade fraca, indecisos, medrosos, superticiosos, que não se julgam merecedores da felicidade de estar aqui na terra. O fortalecimento interior é a melhor arma contra os invejosos. A inveja é uma das emoções mais primitiva e negada por todos. Invejoso eu? Jamais!... A inveja não é só a tristeza pelo bem alheio mas a alegria do mal do outro. É um sentimento pequeno de inferioridade, às vezes, inconscientemente. Ao nos sentirmos menores do que o outro, nos aumentamos, nos vangloriamos, nos enaltecemos para evitar o mal estar do desequilíbrio. Quando criticamos, diminuímos, ofendemos e temos a necessidade de falar mal de alguma pessoa, com certeza estamos nos sentindo inferiores à ela. Na fábula de La Fontaine, (adaptada), uma rã viu um touro que tinha boa estatura. Ela, que era pequena e invejosa, começou a inflar-se para igualar-se ao touro em tamanho. Depois de algum tempo perguntou à irmãzinha: - Olhe-me, é o bastante? Estou do tamanho do touro? - De jeito nenhum. - E agora? - De modo algum. Você nem se aproxima dele. O animal invejoso continuou inflando até estourar e morrer. A inveja definitivamente não nos leva a lugar algum. Mas o que dizer do “olho gordo” tão afamado? Pois o “olho gordo” é outro nome da inveja. Popularmente o olho gordo é um olho que atrapalha, faz mal, danifica. O “olho gordo” ou o mau olhado nada mais é do que a “canalização” através dos olhos de uma energia interna gerada pelo desejo intenso de possuir o que é dos outros. Os possuidores do “olho gordo” são pessoas em permanente estado de descontentamento e que tem complexo de inferioridade mesmo que disfarçado, camuflado, uma vez que não se julgam capazes de conseguir por si mesmos o objeto da cobiça, com certeza são vampiros de energia. Esse tipo de sentimento existe, está aí, não adianta negarmos. A inveja é capaz de contaminar, sabotar o ambiente. É aquela história da grama do vizinho ser sempre mais verde do que a nossa. O povo brasileiro, mais do que nenhum povo do mundo, acredita em mau olhado ou olho gordo. Se não fosse assim, como se explicaria o número de figas, patuás, escapulários, bentinhos e fitas, ou o banho de mar e as oferendas no final do ano? Nossas praias ficam lotadas de gente. Isso é fruto de nossas raízes africanas. Quantas vezes ouvimos dizer ou até mesmo dizemos: “Aquela pessoa não tem o olhar bom tem o olhar de seca pimenteira”. Já vimos até um quadro humorístico na TV, com grande sucesso, cujo personagem era o Z(s)eca Pimenteira. Tudo que ele admirava, desejava, morria, explodia, e secava para o desgosto do dono do objeto desejado. O psicanalista Alberto Godim faz três divisões da inveja: 1 – Inveja Sublimada: A pessoa admite seus limites, aproveita o talento dos outros. Ela entende o mérito alheio e aceita que existam diferenças segundo os momentos da vida. 2 – Inveja Neurótica: A pessoa vive dominada por sentimentos invejosos, mas não é necessariamente uma má pessoa. É a principal vítima de sua inveja. É amargo, mal humorado e deprimido. 3 – Inveja Perversa: É o invejoso destrutivo. Vive para bloquear todas as expressões da criatividade, de beleza, ou de talento que aparecem em sua frente. Acaba bloqueando o seu próprio caminho pelos inimigos que reúne durante a vida. Em geral, esta pessoa é fruto do desamor. Geralmente são pessoas que não amam e não têm capacidade de amar. Os invejosos mais comuns são: • O Fofoqueiro: Fala mal daquele por quem sente inveja. • O Bajulador: “Puxa o saco” de quem sente inveja. • O Falso Amigo: Sente inveja, mas finge que é amigo. • O Cego: Nunca acha que é invejoso. • A Vítima: Sente inveja, mas fica se desvalorizando. Acha que o mundo está contra ele. O mundo sempre lhe deve algo. É o famoso “coitadinho”. Já para o escritor e espiritualista André Montovanni: “O mau olhado é um olhar ardiloso e sombrio de alguém sobre uma pessoa ou situação. E a inveja não é tão fatal como as pessoas imaginam, pois só entram no jogo os que estiverem na mesma sintonia dessa inveja”. Continua Montovanni: “O ser humano tem sentimentos diversos e alguma vez na vida os indivíduos sentirão inveja de algo ou de alguém”. “O que podemos fazer é transformar a inveja em combustível positivo para realizar nossos ideais, ou seja, em vez de desejar o mal dos outros ou se fazer de coitado, isso pode ser um estímulo para ir à luta, ao sol. O que ajuda muito é sempre aplaudirmos o sucesso das pessoas que nos cercam, utilizar esses exemplos de realização para correr atrás de nossa felicidade”, afirma Montovanni. Segundo ainda ele, sabemos quando alguém está tentando nos sabotar. Nosso coração diz, pois sentimos uma leve desconfiança aparentemente sem motivo. Se isso ocorrer, preste atenção, ali pode ter algo. Você caro leitor, pode não acreditar, mas por via das dúvidas, não é bom facilitar e abaixo segue uma lista de plantas usadas contra a inveja, olho gordo, mau olhado, etc. • Arruda: Defende o ambiente. • Alecrim: Protege das energias negativas e traz alegrias e sorte. • Espada de São Jorge: Corta os efeitos do olho gordo. • Pimenteira: Segura as coisas ruins e raiva. • Guiné: Segura e transforma a negatividade. • Comigo ninguém pode: Protege o material. • Manjericão: Protege os moradores. Eu não sei quanto a você, mas com relação a mim: “Yo no crejo em las brujas, pero que las hay, las hay”.(Eu não creio em bruxas, mas elas existem, elas existem)

quarta-feira, 25 de julho de 2012

A SOBERBA- DO LIVRO: OS SETE PECADOS CAPITAIS-FERNANDO MARTINS FERREIRA

A Soberba “Um homem orgulhoso está sempre olhando para baixo sobre casos e pessoas, e naturalmente enquanto você estiver olhando para baixo, você não pode ver algo que está acima de você”. C. S. Lewis A soberba é caracterizada pela falta de humildade de uma pessoa, alguém que se acha auto-suficiente, altivo, presunçoso, sobranceiro. A soberba leva o homem a desprezar os superiores e desobedecer às leis porque se acha acima delas. É considerado o pecado maior porque dele se origina os demais. Mostra-se normalmente de três formas: a) O soberbo mostra-se ufano das qualidades que tem. b) Atribui-se dotes que não possui. c) Rebaixa as vantagens dos outros. A soberba tem também três filhos diletos: A ambição, a presunção e a vanglória.  A ambição é o desejo descomedido de glórias, honras, fortunas, poder, etc. O ambicioso anda sempre atrás de posição de destaque e de dignidades. São aqueles que apreciam o primeiro lugar em quaisquer lugares que frequentam, seja no teatro, na igreja, nos restaurantes, etc.  A Presunção é a demasiada confiança em si próprio. Presunção e ambição normalmente fazem par. O presunçoso exagera seus talentos, julga-se preparado para assumir qualquer cargo. Se mete em negócios e empregos altos, quase sempre lhes faltam habilidade e competência. Desconhece a palavra auto-crítica.  A Vanglória é a mania de se envaidecer por predicados mais brilhantes e espalhafatosos do que reais. É o famoso “bom-da-boca”. Gaba-se da estirpe nobre, da linguagem ilustre, do local onde mora, da roupa de grife, ou pelo automóvel importado. Baba-se todo por um elogio, suplica-o, e quando não consegue trata de se auto-elogiar. Não aprecia os companheiros nem se importa com eles e por isso conta o que fez e o que não faz. Também é chamado popularmente de faroleiro. Hipocrisia é um filhotinho da vanglória, pois as felicitações que os gabolas se outorgam com suas palavras, o hipócrita quer granjeá-los por seus atos fictícios e suas virtudes falsas. O soberbo adora a ostentação, o supérfluo e o prazer, gosta de ser melhor que os outros, de aparecer sempre, detesta competições. Sua máxima é: se não pode vencê-lo, diminui-o, ridiculariza-o, de preferência na surdina, sente-se o centro do mundo e acha que fora do seu umbigo, “centro gravitacional”, não existe louvação. Ele vive apaixonado por si mesmo, gosta de platéia, de se mostrar, normalmente fala alto, quer despertar inveja e admiração. Engana-se quem pensa que só os ricos e abastados são soberbos. Existe também a figura do pobre soberbo, aquele que não aceita ajuda, que quer ostentar sua miséria com ufanismo para ser admirado pelos outros e citado como exemplo. São os falsos humildes. Já vimos que o demônio da soberba é Lúcifer, o anjo decaído. Não foi ele que tentou Cristo no deserto? “Tudo isto te darei, se me adorares”! Não é isso o que o soberbo deseja? Adoração! A soberba tem também três parceiras inseparáveis e elas são: a vaidade, a arrogância e o orgulho. Veremos através de conhecidas parábolas como elas se comportam. Vaidade Um corvo empoleirou-se sobre uma árvore e, segurava no bico um pedaço de queijo. Uma raposa, atraída pelo cheiro, dirigiu-lhe as seguintes palavras: - Olá, doutor corvo. Como o senhor é lindo, como o senhor me parece belo! Que bela plumagem negra que tanto reluz ao sol! Sem mentira, se a sua voz se assemelha à sua imagem, então o senhor será o fênix dos habitantes destes bosques. Meu Deus, como você é lindo! Diante dessas palavras o corvo não se cabendo de tão contente para mostrar sua bela voz abriu o grande bico e deixou cair o queijo. A raposa mais do que depressa apoderou-se dele e disse: - Meu caro senhor, aprenda que todo bajulador vive à custa de quem lhe dá ouvidos. Vive à custa do vaidoso. Esta lição sem dúvida, vale um pedaço de queijo. O corvo envergonhado e confuso jurou que ele não mais cairia nessa. A fábula adaptada de La Fontaine nos mostra que umas das coisas que mais colocam o ser humano em situação ridícula é a vaidade. Como ela é traiçoeira e se veste de glamour, de brilho e inebria aquele que não teve a capacidade de fazer a sua autocrítica ao perceber o elogio de sua beleza, inteligência, empreendedorismo. Quando o ser humano sente o desejo imoderado de atrair para si a admiração e homenagem foi com certeza dominado pela vaidade. Dispamo-nos dela então para não incorrermos no ridículo. Aquele que se deixa encantar pelos elogios que recebe é com certeza uma pessoa extremamente frágil. A pessoa inteligente não se deixa levar por elogios baratos, prefere sempre uma crítica honesta, que venha com a intenção de trazer a perfeição. O tolo vaidoso sempre se deixa levar pela lisonja a sua inteligência, beleza, sabedoria ou riqueza. Não vê que os mesmos que o elogiam gratuitamente são os que zombam pelas costas de sua mediocridade e tolice. Lembremo-nos de que a matéria, toda ela é perecível, até mesmo o nosso corpo, invólucro de nossa alma imortal, nessa vida tão curta. Um dia ele acabará como tudo mais, só a alma permanecerá. Portanto, não exagere no falar, no agir, no vestir, enfim, no se expor para não cair em algum extremo, pois qualquer que seja ele é perigoso. Não se diz que a virtude está no meio e não nos extremos? Existe porém uma vaidade que pode ser considerada pior que as demais, a vaidade espiritual. Sim, pior, pois quem a detém é possuidor do conhecimento das coisas do espírito e tem plena consciência de que comete erro grave, erra portanto duas vezes. O resultado pode ser nefasto, temos vários exemplos mas por ética não devem ser mencionados. Deus que conhece seus filhos sabe quando a oração, a caridade ou outros atos praticados em “seu nome” são realizados com o coração. Se desejarmos alçar vôos maiores na busca da evolução espiritual, razão única de estarmos aqui no planeta terra devemos nos despir de toda a vaidade e lembrarmo-nos sempre de que não nascemos em vão. Arrogância Conta-se que o diálogo é verídico e foi travado em outubro de 1995 entre um navio da marinha norte-americana e as autoridades costeiras do Canadá próximo ao litoral de New Foudland. Os americanos começaram na maciota: - Favor alterar o seu curso 15 graus para o norte para evitar colisão com nossa embarcação. Os canadenses responderam de pronto: - Recomendo mudar o seu curso 15 graus para o sul. O americano ficou mordido de raiva. - Aqui é o capitão de um navio da marinha americana. Repito, mude o seu curso. Mas o canadense insistiu secamente: - Não. Mude o seu curso atual. A coisa começou a ficar feia. O capitão americano berrou ao microfone. - Este é o porta-aviões USS Lincoln, o segundo maior navio da frota americana no Atlântico. Estamos acompanhados de três destróieres, três fragatas e numerosos navios de suporte. Eu exijo que vocês mudem o curso 15 graus para o norte, ou então tomaremos medidas para garantir a segurança do navio! E o canadense respondeu: - Faça o que quiser. Aqui é um farol! Moral da história! Às vezes a arrogância nos faz cegos. Quantas vezes criticamos a ação dos outros, quantas vezes exigimos mudanças de comportamento nas pessoas que vivem perto de nós, enquanto que na verdade nós é que deveríamos mudar o rumo de nossa vida. Orgulho Conta-se que havia um rei na Espanha que orgulhava muito de sua linguagem, e que era conhecido por sua extrema crueldade com os mais fracos e pobres. Certa vez caminhava com sua comitiva por um campo de seu reino, onde anos atrás havia perdido seu pai em uma batalha. Ali encontrou um homem santo remexendo uma pilha de ossos. - O que fazes aí, oh infeliz? – Disse o rei. - Honrando vossa majestade. – Disse o homem. – Quando soube que o grande rei da Espanha vinha aqui, resolvi recolher os ossos de vosso falecido pai para entregar-lhos. Entretanto, por mais que os procure não consigo achá-los, eles são iguais aos ossos de camponeses pobres, mendigos e escravos. Moral da história! Quando Deus criou o homem não fez distinção entre negros e brancos, ricos e pobres, sábios e ignorantes, feios e bonitos. Criou um só homem, à sua imagem e semelhança. Se Deus que é Pai, nosso criador, não distinguiu a sua criatura, quem teria autoridade para discriminar alguém? Ainda mais que sabemos que o ser humano se defronta com duas limitações intransponíveis: defeito de fabricação e prazo de validade. Haveremos de morrer, só não sabemos como e quando. Tenho pensado muito nela, a morte, não que a deseje por perto, mas como uma aceitação natural. Ela, a morte, não pode ser encarada como o fim de tudo. Se assim fosse, ela se tornaria um absurdo e a vida presente seria o nosso único bem. Pior ainda, nossa vida se tornaria sem sentido e sem valor algum. Seria então o caso de perguntarmos: - Viver então para que? Devemos ver a morte como uma transformação, uma oportunidade de evolução. Acho que a vida terrestre deve ser triste e sem gosto para quem não tem a perspectiva de vida após a morte. Meus questionamentos nesse sentido talvez possam ser creditados à idade, pois à medida que envelhecemos, eles aumentam e se aprofundam naturalmente. E ao refletir sobre a soberba e a morte pergunto: - Daqui a cem anos que diferença fará se usarmos durante a vida roupas de marca ou compradas em liquidações? Se moramos num triplex de cobertura ou numa pequena casa alugada? Se passamos as férias nas Ilhas Gregas, no Caribe ou no quintal de nossas casas? Se comemos caviar iraniano, trutas ou feijão com arroz? Se dormimos em colchão especial, travesseiros com penas de ganso, lençóis de seda chinesa, de linho egípcio ou num pequeno catre? - Daqui a cem anos que diferença fará se possuirmos carro importado ou se andávamos de bicicleta? Se ocupávamos um cargo de destaque em uma grande empresa ou se éramos apenas um operário? Se andamos em tapetes persas ou em um chão poeirento? Se tivemos vários empregados ou recebíamos ordens de um patrão? Se tivemos muito dinheiro ou se vendíamos o almoço para comprar a janta? Que diferença fará? Entretanto creio que fará toda a diferença, não só daqui a cem anos, mas por toda a eternidade se formos pessoas íntegras, humildes, generosas e éticas, e se tivermos expandido nossa mente em busca da iluminação e deixarmos de lado a soberba. Devemos nos lembrar de que somos à imagem e semelhança de nosso criador. Se isso constitui um privilégio, há que ser, necessariamente e por via de consequência, uma tremenda responsabilidade. Portanto, devemos conservar e mostrar essa imagem na qual Deus quer se refletir dentro de nós. E não é com certeza na soberba que “Ele” fará isso. “Quem se exalta será humilhado, mas quem se humilha será exaltado”. É do evangelho esta máxima que nos ensina a humildade como a mais bela virtude. Não devemos nos julgar melhor nem mais importante do que ninguém. Não somos indispensáveis ou insubstituíveis, em nosso trabalho ou em nada na vida, aliás, ninguém o é, somente Deus, o grande criador é indispensável. Quanto menor nós nos fizermos, mais admirado e estimado seremos por todos que nos cercam. O que torna uma pessoa importante não é o cargo e nem a posição que tem e muito menos a autoridade que exerce. O que a torna importante, querida e respeitada é sua simplicidade, a sua educação no falar e no agir. Procure ser simples, entenda que viver assim é antes de tudo um ato inteligente, pois uma pessoa simples atrai para si as energias positivas de muita gente. Lembre-se também “se alguém quiser ser o primeiro, será o servo de todos” (Marcos – 10-44). Humilde não é o que esconde ou nega o seu próprio valor, é aquele que se faz respeitar pelo que vale pelo que é pelo que possui, mas disso não faz ostentação. Devemos nos lembrar de que ao contrário do que possamos imaginar, vivemos recebendo favores. Recebemos de Deus o sol, a chuva, a brisa, o vento, o orvalho, a flor, o calor, o frio, o dia, a noite, a luz, o som, o trabalho, o repouso, a (o) companheira (o), os filhos, os pais, os irmãos, a lua e as estrelas. Vivemos recebendo favores, então porque tanto orgulho tanta soberba? Os bens terrenos são passageiros e efêmeros e ficarão aqui mesmo, não irão conosco para a eternidade. Nosso verdadeiro tesouro é aquele que está vinculado à nossa alma eterna e imortal, e é o que apresentaremos ao criador quando formos prestar as nossas contas. Atentemos, pois o nosso tempo de hospedagem aqui no planeta terra que está chegando ao fim. O relojinho do tempo não para, tic-tac-tic-tac-tic-tac, e o que aguarda o nosso corpo carnal são somente sete palmos de terra fria. Tic-tac-tic-tac-tic-tac.

terça-feira, 17 de julho de 2012

OS SETE PECADOS CAPITAIS- A HISTÓRIA/A LENDA-FERNANDO MARTINS FERREIRA

A HISTÓRIA Ao contrário do que muitos imaginam, a origem dos sete pecados capitais não é bíblica. Remonta ao século IV da era cristã e teriam surgido no movimento monástico cristão ocorrido no Egito, quando o Monge Grego Evágrio Pôntico (ou do Ponto) – 345/399 – teria escrito uma lista com oito pecados que afligiam a vida dos monges do deserto. São eles: Gula, Libertinagem, Avareza, Melancolia, Ira, Letargia Espiritual, Vanglória, Orgulho. Um dos discípulos do monge, João Cassiano (Santo) levou essa relação ao ocidente onde no século VI, o Papa Gregório Magno (Santo) fez algumas mudanças na lista que resultou em sete pecados: Orgulho, Inveja, Ira, Melancolia, Avareza, Gula, Luxúria. Tempos depois, São Tomás de Aquino, liderando outros teólogos revisaram novamente a lista e chegou ao que hoje conhecemos como os sete pecados capitais. São eles: Soberba, Inveja, Ira, Preguiça, Avareza, Gula, Luxúria. Quatro pecados são aqueles que se cometem contra o espírito e que prejudicam tanto quem os comete quanto a pessoa contra qual são cometidos. São: Ira, Avareza (Cobiça), Inveja, Soberba (Orgulho). Os outros são pecados que se praticam contra o corpo. São eles: Preguiça, Gula, Luxúria. Segundo o psicólogo Waldemar Magaldi Filho, “o melhor modo de não sermos dominados pelos pecados é não perdermos o alvo, a meta existencial que deveria ser o sacro-ofício de servir ao invés de apenas servir-se da natureza e da vida”. Continua ele: “E como os seres humanos possuem tanto os pecados quanto as virtudes devemos ter tolerância com quem é possuído por eles e criar condições para despertar as virtudes, em nós e nos outros. À medida em que as pessoas se tornam menos egoístas e mais amorosas as virtudes surgem no lugar dos pecados”. Os pecados capitais segundo a Igreja são graves e perdoados apenas com penitência, estipulada depois da confissão. O homem virtuoso só seria aquele que desconhece o ódio, porque somente ama. É o que não pensa nem fala no egoísmo, porque ama o desprendimento. É aquele que perdoa constantemente por conhecer o clima de paz, por amar. Difícil, não é? Quinze séculos se passaram desde que os monges do Egito começaram a refletir sobre o assunto, e eles, os pecados, continuaram firmes em nossa cultura. A LENDA Conta a lenda que certo dia um casal ao chegar do trabalho encontrou algumas pessoas dentro de sua casa. Achando que eram ladrões ficaram assustados, mas, um homem forte e saudável, com corpo atlético disse: - Calma meus amigos, nós somos velhos conhecidos e estamos em toda parte do mundo. - Mas quem são vocês? – Perguntou a mulher. - Eu sou a preguiça – respondeu o homem másculo – estamos aqui para que vocês escolham um de nós para sair definitivamente da vida de vocês. - Como você pode ser a preguiça se tem o corpo de atleta que vive malhando e praticando esportes? Pelo que sei a preguiça não tem ânimo para isso – falou a mulher. - A preguiça é forte como um touro e pesa toneladas nos ombros de preguiçosos, com ela ninguém pode chegar a ser um vencedor. Uma mulher velha e curvada, com a pele enrugada, mais parecendo uma bruxa diz: - Eu, meus filhos, sou a luxúria. - Não é possível! – diz homem – Você não pode atrair ninguém com essa feiúra. - Não há feiúra para a luxúria, amigos. Sou velha porque existo há muito tempo entre os homens, sou capaz de destruir famílias inteiras, perverter crianças e trazer doenças para todos até a morte. Sou astuta e posso me disfarçar na mais bela mulher. Um mau cheiroso homem, vestindo trapos de roupas, parecendo mais um mendigo, diz: - Eu sou a cobiça, por mim muitos já mataram, por mim muitos abandonaram famílias e pátria, sou tão antiga quanto a luxúria, mas eu não dependo dela para existir. Tenho essa aparência de mendigo porque por mais bem vestido que eu me apresente, por mais rico que seja, sempre vou querer o que não me pertence. - E eu sou a gula – diz uma belíssima mulher, com um corpo escultural, cintura fina, seios perfeitos, lindos cabelos sobre os ombros e olhos expressivos. Todo corpo dela tinha harmonia de forma e movimentos. Assustam-se os donos da casa e a mulher diz: - Sempre imaginei que a gula seria gorda. - Isso é o que vocês pensam. Sou bela e atraente porque se assim não fosse, seria muito fácil livrarem-se de mim. Minha natureza é delicada, normalmente sou discreta, quem tem a mim não se apercebe, mostro-me sempre disposta a ajudar a busca da luxúria. Sentado a um canto, em uma cadeira confortável, um senhor, também velho, mas com o semblante bastante sereno, com voz doce e movimentos suaves, diz: - Eu sou a ira. Alguns me conhecem como cólera. Tenho muitos milênios, também não sou homem, nem mulher assim como todos meus companheiros que estão aqui. - Ira? Que isso? Você é tão doce. Parece mais o vovô que todos gostariam de ter – disse o homem da casa. - E a grande maioria me tem assim! – respondeu o vovô. – Matam com crueldade, provocam brigas horríveis e destroem cidades quando eu me aproximo. Sou capaz de eliminar qualquer sentimento diferente de mim, posso estar em qualquer lugar e penetrar em qualquer residência inclusive nas mais protegidas. Mostro-me calmo e sereno para mostrar-lhes que a ira pode estar aparentemente mansa. Posso também ficar contido no íntimo das pessoas sem me manifestar, provocando úlceras, câncer e as mais terríveis doenças. - Eu sou a inveja. Faço parte da história do homem desde sua aparição na terra – diz uma jovem linda que ostentava uma coroa de ouro cravejada com diamantes. Usava também brincos e braceletes e roupas finas de extremo valor. Assemelhava-se a uma princesa rica e poderosa. - Como inveja? Se é rica e bonita e parece ter tudo o que deseja – disse a mulher da casa. - Há os que são ricos, os que são poderosos, os que são famosos e os que não são nada disso, mas eu estou entre todos. A inveja surge pelo que não se tem e o que não se tem é a felicidade. A felicidade depende do amor, e isso é o que mais carece a humanidade. Provoco mortes e sofrimentos, onde eu estou está também a tristeza. Enquanto os invasores se explicavam, um garoto que aparentava ter cerca de oito anos brincava pela casa. Sorridente e de aparência inocente, característica das crianças, sua face de delicados traços mostravam a plenitude da jovialidade. - E você garoto, o que faz junto a esses que parecem a personificação do mal? Você não faria mal a ninguém, até porque é uma criança – diz o homem. O garoto responde com um sorriso largo e olhar profundo: - Você se engana. Eu sou o orgulho. - O orgulho? Mas você é apenas uma criança! Tão inocente quanto as outras. O semblante do garoto tomou um ar de seriedade que assustou o casal e diz: - O orgulho é como uma criança mesmo, mostra-se inocente e inofensivo, mas não se enganem, sou tão destrutivo quantos todos aqui, quer brincar comigo? A preguiça interrompe a conversa e diz: - Vocês devem escolher um, e apenas um, de nós para sair definitivamente da vida de vocês. Queremos uma resposta. O homem da casa responde: - Por favor, nos dê dez minutos para que possamos pensar. O casal se retirou para o quarto e lá fizeram várias considerações. Dez minutos depois retornaram. - E então? – Perguntou a gula. – O que resolveram? - Queremos que o orgulho saia de nossas vidas. O garoto olha o casal com olhar fulminante, pois queria ficar ali. Porém, respeitando a decisão, dirige-se à saída. Os outros, em silêncio, acompanhavam o garoto quando o homem perguntou: - Ei! Vocês também vão embora? O menino com ar severo e com a voz forte de um orador experiente diz: - Escolheram que o orgulho saísse das vidas de vocês e fizeram a melhor escolha, pois onde não há orgulho não há preguiça, pois os preguiçosos são aqueles que se orgulham de nada fazer para viver não percebendo que na verdade vegetam. Onde não há orgulho não existe a luxúria porque os luxuriosos têm orgulho de seus corpos e se julgam merecedores. Onde não há orgulho, não há cobiça, pois os cobiçosos têm orgulho das migalhas que possuem, acumulando tesouros na terra e invejam a felicidade alheia, não percebem que na verdade são fantoches dos desejos. Onde não há orgulho, não há ira, pois os irados têm facilidade com aqueles que segundo o próprio julgamento, não são perfeitos, não percebem que na verdade sua ira é resultado de suas próprias imperfeições. Onde não há orgulho, não há inveja, pois os invejosos sentem o orgulho ferido ao verem o sucesso alheio seja ele qual for. Precisam constantemente de superar os demais nas conquistas, não percebem que na verdade são ferramentas da insegurança. Saíram todos sem olhar para trás, e ao baterem a porta um fulgurante raio de luz invadiu o recinto. OS SETE PECADOS CAPITAIS AUTOR:FERNANDO MARTINS FERREIRA EDITORA: VIRTUAL BOOKS-2010 femafer@hotmail.com

segunda-feira, 9 de julho de 2012

UMA QUESTÃO DE FÉ-TEXTO DE FERNANDO MARTINS FERREIRA

A minha crença na reencarnação vem da minha fé em Deus. Crendo nela e tendo-O como um pai justo, generoso e amoroso, encontro explicações plausíveis para tantos problemas e desigualdades que encontramos mundo afora. Ou talvez, você caro leitor, possa ter explicações convincentes para o fato de algumas pessoas nascerem em países pobres, sobrevivendo às vezes na mais extrema miséria, com doenças crônicas e outros nascerem em berços esplendidos como em alguns países da Europa. Talvez você possa explicar a gritante diferença social em nosso país, favelas com esgoto a céu aberto de um lado e condomínios de luxo nababesco de outro. Uns já nascem sob o estigma da pobreza, da doença, da miséria e assim vivem por toda uma vida. Seríamos tolos, se creditássemos isso somente ao acaso, se não acreditarmos que tudo que passamos aqui nessa vida, não seja em pagamento de débito de vidas anteriores. Mesmo rico ou pobre, negro, branco ou amarelo, feio ou bonito, atire a primeira pedra aquele que nunca passou por momentos difíceis na vida. Às vezes as dificuldades tão intensas que nos levam a pensar que não vamos conseguir suportar situações que podem e às vezes nos levam efetivamente ao fundo do poço. A lista dos problemas que afligem nossa alma é grande e nos fazem sentir, desamparados. São injustiças, trações, abandono, doenças, perdas, desemprego e tantos outros. Há momentos que não temos nem, mesmo com quem conversar abrir nossa alma, trocar idéias. Aí nos agarramos a Ele e na certeza (Fé) de que não estamos aqui por acaso e muito menos sós. Ao acreditarmos que nossa vida aqui na terra tem sentido e que nossa finalidade é cumprirmos o nosso ciclo evolutivo, encontramos conforto para os nossos males. No entanto, não podemos em hipótese alguma cruzar os nossos braços, pensando: Como sou um sofredor, reencarnei pobre, doente, e infelizmente essa é minha sina. Não, não é. O nosso caminho enquanto na terra é de muita luta para nos tornarmos melhores e não cruzando os braços com a boca “escancarada cheia de dentes” como disse Raul Seixas, esperando a morte (o desencarne) chegar. Precisamos, necessitamos crescer espiritualmente. Temos um compromisso de pelo menos reencarnarmos um pouco melhor da próxima vez, é por isso que aqui estamos. Enquanto, porém, não chega o nosso desenlace carnal, resta-nos agradecer a Deus pelas alegrias que alimentam nosso espírito, pelas tristezas e frustrações que fortalecem nossa vontade. Pelos acertos que satisfazem nosso ego, e pelos fracassos que sedimenta nossa fé. Resta-nos também, tentar sermos felizes e saber que vale a pena viver e amar, apesar de todos os problemas e incertezas. Ser feliz é agradecer a Deus diariamente pelo milagre de estarmos nesse processo evolutivo chamado vida. Ser feliz é agradecer a cada amanhecer, é não ter medo dos próprios sentimentos. Usufrua da felicidade e do gosto pela vida e faça delas um constante aprendizado e, principalmente perdoe. Seja grande para os aborrecimento e pobre para a raiva. Forte para vencer o medo e alegre para se permitir momentos felizes. Crendo você ou não na reencarnação, pense sempre no melhor, trabalhe sempre para o melhor e espere sempre o melhor. Que as mãos generosas do senhor Deus, nos protejam nessa vida e em todas nossas vidas vindouras. Amem!

quinta-feira, 5 de julho de 2012

MANOEL BATISTA ERA PORTUGUES TEXTO DE FLAVIO MARCUS DA SILVA(FOTO)

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Manoel Batista era português Na França, a Revolução de 1789 foi um golpe terrível para a herança cultural da Idade Média. Na sociedade francesa do século XVIII (herdeira da cultura medieval), a nobreza no poder valorizava o ócio e cultuava as aparências, amava a riqueza (mas não o trabalho) e colocava acima de tudo as relações pessoais, as amizades e o parentesco, numa confusão perdulária entre Público e Privado. O pensamento iluminista de meados do século XVIII e a Revolução Francesa introduziram radicalmente nesse mundo conceitos polêmicos como República, Direitos Humanos, Cidadania, Razão, etc., e certamente contribuíram para que o povo francês, de forma geral, nos séculos XIX e XX, passasse a atuar no espaço público(que era de todos) defendendo com paixão o Bem Comum. Em Portugal não houve nada que se comparasse à Revolução Francesa. Ao contrário do que ocorreu na França, a nobreza portuguesa nunca foi confrontada em seus valores e visões de mundo tradicionais (medievais) por outras ideias, valores e concepções. Na França, a burguesia e outros grupos progressistas bateram de frente com a nobreza, impondo ideias que valorizavam o espaço público e definiam a Cidadania enquanto prática política organizada, visando à defesa do que é público para o público. Em Portugal, essa burguesia não existiu. A nobreza tradicional, apegada àqueles valores tipicamente medievais – o culto às aparências, a valorização do ócio e das relações pessoais e de parentesco no seio do Estado, a confusão entre Público e Privado – não foi confrontada por nenhum outro grupo. Na verdade, a nobreza portuguesa se aburguesou por necessidade, mas agarrando-se firmemente aos valores antigos, que ela trouxe para o Brasil junto com a frota de Pedro Álvares Cabral em 1500. Enquanto isso, o Estado português se fechava ao Humanismo, ao Racionalismo e, mais tarde, ao Iluminismo francês, mantendo-se firme naqueles princípios tradicionais. Essa foi, portanto, a mentalidade que vigorou no Brasil durante todo o período colonial, tendo sido transferida quase naturalmente, como herança portuguesa, para o Brasil independente, após 1822, e também para a República, depois de 1889 (que de República, até hoje, infelizmente, tem muito pouco). Porém, o mais grave disso tudo, a meu ver, é a forte presença do elemento afetivo nas relações políticas brasileiras. Sérgio Buarque de Holanda, em seu livro Raízes do Brasil, de 1936, explica essa questão, referindo-se ao período colonial: “O peculiar da vida brasileira parece ter sido, por essa época, uma acentuação singularmente enérgica do afetivo, do irracional, do passional, e uma estagnação ou antes uma atrofia correspondente das qualidades ordenadoras, disciplinadoras, racionalizadoras. Quer dizer, exatamente o contrário do que parece convir a uma população em vias de organizar-se politicamente”. Nada vinha de Portugal que contestasse essa ordem natural das coisas, esse apego ao passado, à tradição medieval; e a cultura nobre portuguesa, livre de qualquer obstáculo, se enraizou no Brasil de tal forma, que até hoje ela conduz a nossa vida, sobretudo no espaço público. Pará de Minas nos oferece exemplos claros desse apego às tradições portuguesas: 1) Como em qualquer outra cidade brasileira, o culto às aparências é algo que chama a atenção em nossa cidade (a preocupação que as pessoas têm em se exibir para os outros, aparentando riqueza e poder, mesmo que a realidade seja bem diferente). 2) A forma como se faz política por aqui, apelando para os laços de amizade e parentesco, e tratando os eleitores, muitas vezes, como clientes particulares, num claro desprezo pela noção iluminista de Res Publica, ou Bem Comum. 3) Essa coisa que as pessoas têm de levar tudo para o lado pessoal (se um candidato é meu parente, por exemplo, eu tenho a obrigação de votar nele). 4) Essa mania que muita gente tem de querer levar vantagem em tudo, de passar os outros para trás, permitindo-nos uma comparação com o que Sérgio Buarque de Holanda afirma sobre os portugueses do período colonial: “O que o português vinha buscar era, sem dúvida, a riqueza, mas riqueza que custa ousadia, não riqueza que custa trabalho”. 5) A dificuldade que as pessoas têm de se organizar e cobrar das autoridades o bom governo da Coisa Pública – fruto da dificuldade crônica de se perceber o próprio Público (depreda-se com muita naturalidade o patrimônio público; joga-se lixo nas ruas e passeios públicos; leis públicas são desrespeitadas na maior cara de pau, etc.). 6) E o último exemplo, que me faz pensar em Portugal nos séculos XVI, XVII e XVIII: a desvalorização do professor e da Educação Pública em geral, dificultando a formação de cidadãos críticos, capazes de contestar essa herança cultural retrógrada. Por isso, nada mais lógico e natural do que o mito fundador de Pará de Minas estar ligado a Portugal e à sua cultura. Manoel Batista, o mercador português que aqui chegou, talvez ainda no período colonial (segundo o mito), estabelece um nexo perfeito entre o passado e o presente da nossa cidade. Ele faz a ponte entre o universo medieval português e o nosso cotidiano hoje, marcado (com maravilhosas exceções, é claro), pelo culto às aparências, pela confusão entre Público e Privado, pelo “jeitinho”, etc. Não quero, com isso, menosprezar a enorme contribuição cultural de negros e índios para a nossa formação, muito menos desprezar o que os portugueses nos legaram de bom; mas no espaço deste artigo (que já avançou muito), coube apenas o destaque àquilo que, para mim, marcou mais a nossa cultura local, assim como a maior parte das outras culturas locais por esse Brasil afora: o tradicionalismo português – personalista, pomposo, pobre e atrasado. Manoel Batista era português. Pelo menos para mim. Se ele não existiu ou se não era português, acredito que esse nome – Manoel Batista –, que é uma referência em Pará de Minas, já representa por si só o espírito português: as trevas lusitanas trazendo o atraso cultural e o conservadorismo pomposo para a sociedade patafufa do presente. E o que significa, nessa minha análise, o sete de setembro de 1822? Nada, a não ser o continuísmo, a perpetuação da tradição portuguesa no Brasil. Quem declarou o Brasil independente de Portugal? Espero que todos saibam. R: Foi o filho do próprio rei de Portugal, o príncipe D. Pedro, que representava todo o continuísmo português. Não houve ruptura com o passado, nenhuma revolução. A nossa primeira história oficial, por exemplo, foi escrita nos anos 1850, valorizando a colonização portuguesa! Diante disso, como contestar o nosso mito? Como podemos afirmar que Manoel Batista tinha sangue indígena, como alguns pesquisadores querem demonstrar? Para mim, não tem conversa: Manoel Batista era português. QUEM É FLAVIO MARCUS DA SILVA Nascido em Pará de Minas- MG em 1975. Possui graduação em História pela Universidade Federal de Minas Gerais (1997) e doutorado pela Universidade federal de Minas Gerais (2002) com estágio (Doutorado- sanduíche/CAPES) na Universidade de Lisboa- Portugal (2002). Atualmente é Vice- diretor da Faculdade de Pará de Minas- FAPAM-(MG) onde já exerceu os cargos de Coordenador do Curso de História, coordenador do NUPE- Núcleo de Pesquisa, e foi professor nos cursos de História e Administração. Atualmente leciona nos cursos de Direito e Pedagogia. É autor do livro SUBSISTENCIA E PODER: a política do abastecimento alimentar nas Minas Setecentistas (Editora UFMG -2008) e de artigos publicados em periódicos e livros de História. Um de seus trabalhos foi publicado no livro HISTÓRIA DE MINAS GERAIS- As Minas Setecentistas (Editora Autentica 2007) obra vencedora do PREMIO JABUTI 2008 na categoria Ciências Humanas. Atualmente exerce também a função de Pesquisador Institucional da Faculdade de Pará de Minas junto ao Ministério da Educação, sendo responsável pelo acompanhamento dos processos e renovação de reconhecimento dos cursos de graduação da IES. Em 2009 foi eleito para a Academia de Letras de Pará de Minas. www.nwm.com.br/fms

terça-feira, 3 de julho de 2012

A MAGIA DE LUMIAR - TEXTO DE FERNANDO MARTINS FERREIRA

No final da década de 70, residi por alguns anos em Nova Friburgo, no Rio de Janeiro. A cidade dista 136 km da capital e é considerada “a Suíça brasileira”, isso devido ao fato do município ter sido colonizado por 261 famílias suíças. O nome da cidade é uma homenagem à cidade de onde partiram no Cantão de Fribourg. Nova Friburgo também foi o primeiro município brasileiro a ser colonizado por alemães (antes de São Leopoldo-RS), pois em1824 chegaram 332 imigrantes alemães para se juntar aos suíços ali radicados. Nova Friburgo foi a primeira cidade brasileira não colonizada pelos portugueses. A cidade possui uma grande rede hoteleira (a maior do interior do Rio de Janeiro) e recebe milhares de turistas de todo o Brasil devido às suas belezas naturais. Para se chegar até lá saindo da capital se pega a RJ116 passando por Itaboraí, ao invés de seguir para a região dos lagos, entra para Cachoeira do Macacu. Em Friburgo, o frio é intenso ( um dos atrativos) e não raro, no inverno a temperatura nas praças marcar zero grau. Há noites de inverno que a temperatura fica negativa nos picos e morros ao redor da cidade. Os pontos turísticos mais procurados são: o teleférico de cadeiras ( o maior do país), a praça Marcílio Dias (porta de entrada da cidade) praça dos Suspiros, Praça Getúlio Vargas, Igreja Santo Antonio,. A fonte dos Suspiros, O Largo da Poesia, o parque Ambiental Luis Simões (Cascata) e é lógico as casas em estilo chalé suíço. A cidade é linda, acolhedora, mas desejo falar de um de seus distritos. Na verdade, o Quinto distrito, que se chama LUMIAR. Para se chegar até lá, passa por Muri (não deixe de experimentar a truta defumada, a cerveja suíça caseira, os biscoitos amanteigados e os deliciosos chocolates) pega a RJ142 que liga Nova Friburgo à região dos Lagos. Chegando-se a Lumiar tem-se a impressão de se ter chegado ao Paraíso. A Mata Atlântica é exuberante, piscinas naturais, passeios ecológicos , caminhadas por vales, montanhas e trilhas. Belas pousadas, bons restaurantes, riachos e cachoeiras onde se pratica todo o tipo de esportes radicais, bares com música ao vivo. Os famosos fondues, uma necessidade, porque o clima é muito frio. Ao redor de Lumiar existem pequenos lugarejos imperdíveis como: Cova da Onça,.Rio Bonito de Cima, Boa Esperança, Benfica, Guardinópolis, em todos eles, o povo é acolhedor e hospitaleiro.Esse é o retrato da Lumiar atual. Como se pode perceber, ela é dotada de uma grande infra-estrutura. Agora imagine o lugar a trinta anos, época que o conheci. Para se ter uma idéia, a RJ 142 (N.Friburgo - Região dos Lagos) era apenas um sonho que parecia irrealizável. Só existia um pequeno trecho de asfalto (saindo de Muri até antes de Lumiar) depois era tudo terra. Por ser região montanhosa, várias vezes ao ano, a estrada ficava interrompida, por queda de barreiras ou por buracos provocados por erosões. Desde essa época, Lumiar já carregava a fama de lugar Místico.Talvez pela exuberância de sua flora, talvez por ter sido freqüentada por pessoas da chamada sociedade alternativa (hippies, espiritualistas, artistas, ufólogos, pensadores etc) talvez por ambas as coisas. Na época que residi em Friburgo, sempre que podia ia até Lumiar. A cada ida uma descoberta. Uma cachoeira, um riacho, as pessoas enfim, motivos não faltavam para ir até lá. A filha Caroline, com dois aninhos adorava esses passeios. Lembro-me em especial de um dia que fiz uma bela descoberta: O Vale das Águias das Estepes, esse era o nome que se encontrava numa tabuleta na entrada do que parecia ser um condomínio. Estavam comigo, minha esposa, minha filha, minha mãe Maria Rita e o amigo Pedro Henriques de Pará de Minas que tinham ido me visitar. Ao adentramos no local, nos deparamos com algo que nos deixou boquiabertos: Diversas casas (contei 14) em forma de pirâmides nas mais variadas cores. (cada uma com cor diferente) Aqui e ali se via uma nova casa/pirâmide sendo construída. As ruas bem cuidadas, com flores e jardins entre as casas. Queríamos saber mais sobre o local e assim nos indicaram uma pirâmide/casa de cor violeta que ficava na área central. Esta era cercada por um maravilhoso jardim e ao lado corria um riachinho de águas cristalinas. O lugar parecia ter saído de um cartão postal, na verdade parecia mágico. Olhei para os meus acompanhantes e eles estavam tão extasiados quanto eu. A energia dali era quase palpável. Fomos recebidos por uma simpática jovem senhora trajando roupas estranhas (para nós) que deduzi serem trajes egípcios. Fomos conduzidos por ela a uma sala no interior da pirâmide. Nos fez sentar em círculo sobre grandes almofadas e mandou nos servir um revigorante chá. Um perfume suave se fazia sentir em todo local. Contou-nos que ali se reunia um grupo de pessoas, estudiosos espiritualistas que residiam em grande parte na capital e que iam para lá nos fins de semanas e feriados, para trocarem as mais diversas experiências. Ela era o elo deles. Falou-nos com entusiasmo sobre vários experimentos que faziam com as energias das pirâmides. Depois falou separadamente com cada um de nosso grupo. A cada um deixou uma mensagem diferente. Quando chegou a minha vez, falou-me ela da importância das cores em nossa vida e que poderíamos usá-las para o nosso bem estar e até como elemento de cura. Falou-me também do ser Crístico que habita em cada ser humano, o que nos torna também divinos. Ouvi tudo respeitosamente, mas entendi pouco e ela parecendo perceber isso, advertiu-me que no momento certo em entenderia isso tudo com clareza. Convidado a voltar, não o fiz, pois com vinte e poucos anos de idade, meus interesses eram outros (infelizmente) Hoje sei que se lá estivesse retornado teria aprendido muito e teria feito muitas coisas de maneira diferente. Quando estava para sair me disse: Vou te contar uma pequena história: Um homem, passeando pela mata, sussurrou- Deus, fale comigo.. .Um passarinho cantou... Mas o homem não ouviu... Então o homem gritou: Deus, fale comigo... E trovões e raios apareceram no céu...Mas o homem não notou... O homem olhou em volta e disse: Deus deixe-me ver o Senhor... E estrelas brilhantes apareceram... Mas o homem não percebeu.. .O homem gritou: Deus mostre-me um milagre.. E uma vida nasceu... E o homem não reparou.. .Então o homem, chamou em desespero: Toque-me, Deus, deixe-me saber que o Senhor está aqui.... E uma borboleta pousou no seu ombro... Mas o homem, a espantou.. Deus esta sempre a nossa volta, nas coisas que nem imaginamos simples ou grandiosas.... Mas precisamos estar atentos ao toque divino. Vá em paz! Na época achei a história interessante tanto é que a anotei na contra capa de um livro sobre a energia das pirâmides que lá adquiri. Recentemente encontrei o livro e a anotação. È.....Deveria ter voltado lá.