terça-feira, 7 de agosto de 2012

A IRA - DO LIVRO: OS SETE PECADOS CAPITAIS(2010)-FERNANDO MARTINS FERREIRA

A Ira “A ira começa com o desatino e acaba com o arrependimento”. Hasdai Diz o dicionário que a ira é o intenso e descontrolado sentimento de raiva, ódio, zanga, indignação, desejo de vingança, paixão desenfreada que nos incita contra alguém ou algo. Esses sentimentos estão estritamente associados à desonra, brigas e desavenças de toda a espécie. É preciso distinguir entre ira e cólera, raiva e ódio. O ódio e a raiva de certa forma são a ira reprimida e são emoções destrutivas. A ira provoca maus pensamentos fazendo com que muitas vezes façam acusações injustas gerando com isso brigas e desavenças. Na verdade por baixo de toda a ira quase sempre detectamos medo. O medo de errar, de expressar, de perder espaço, enfim, ao invés de parar, pensar ou até mesmo temer, as pessoas atacam para se defender. Cada um de nós, se analisarmos com cuidado, já tivemos um tempo de ira e se pensarmos bem podemos cultivá-la dentro de nossa casa assistindo a filmes de extrema violência e crueldade, de heróis sanguinários que matam centenas de pessoas para vingar ofensas e injustiças. Nós e nossos filhos vamos dessa forma nos programando para reagir e as vezes somos levados ao arrebatamento que se traduz em berros e desaforos. Não se iluda, caro leitor, a inquietação é a variação do temor, do medo e ela também destrói a saúde física, a paz espiritual provocando conflitos. A Bíblia nos ensina: “Irai-vos e não pequeis; não se ponha o sol sobre vossa ira” (Efésios, 4;26). Já em Provérbios 22, versículos 24 e 25 temos: “Não te associe-se com o iracundo, nem andes com o homem colérico, para que não aprendas as suas veredas e assim enlaces a tua alma”. Iracundo é aquela pessoa de cara amarrada, fechada que não esboça sequer um sorriso, que parece estar chupando limão dia e noite. É com certeza um ser azedo. Se dorme durante o dia, acorda mau humorado e com três pedras na mão e se não dorme, fica mau humorado por isso. Essas pessoas, sinceramente, me aborrecem e me cansam. Fazem como dizia Oduvaldo Viana Filho: “Do medo de viver um espetáculo de coragem”. Estão sempre em posição de combate vendo o mundo como adversário. Não olham para frente, vivem lutando contra quimeras, falta lhes o equilíbrio, bom senso e serenidade. A ira atenta contra os outros mas pode voltar-se, contra aquele que deixa o ódio plantar semente em seu coração. Existe o registro que em 1879, o professor Gates da Universidade de Harward nos Estados Unidos, apresentou os resultados de um experimento sobre os liquefeitos obtidos pela condensação do ar expelido pelos pulmões de um paciente. O seu experimento constituiu em introduzir um tubo de borracha na boca do paciente colocando a outra extremidade desse tubo dentro de um liquido químico que continha uma mistura de um iodeto com outra substância. O tubo de borracha foi resfriado de tal modo que o ar que saísse dos pulmões se condensasse ao passar por ele (o ar era mais quente) e pingasse dentro do líquido químico. Enquanto o paciente estava calmo e feliz, não houve nenhuma alteração no líquido químico, entretanto, quando foi provocada uma ira repentina no paciente, formou-se um precipitado de cor castanha dentro do recipiente com a mistura química. Dando sequência ao experimento, o professor Gates injetou o sumo obtido em pessoas e animais e constatou surpreso que eles ficavam excitados e nervosos. Comprovou assim que a ira produz substancias tóxicas ao organismo, as quais são expelidas até pela respiração e se essas toxinas passam pelos pulmões, é certo que causam danos a eles. Podemos comparar a toxina produzida pelo organismo humano nos momentos de ira ou de temor ao veneno que a cobra cascavel expele das presas quando ataca a vítima. Só que a cascavel possui uma bolsa para armazenar esse veneno, o qual é eliminado do organismo, enquanto no corpo humano não existem reservatórios desse tipo. Logo, no homem a toxina formada pela ira ou temor acaba circulando por todo organismo, prejudicando a si próprio. Veja o seguinte exemplo: Desde a infância Martim Luther King sofreu os rigores da discriminação racial. Seu filho Martim Luther King Jr. abraçou sua causa em favor dos direitos civis dos negros e foi assassinado em 1968. Um ano depois outro filho de King morreu afogado em uma piscina. Em 1974, novo golpe, sua esposa foi abatida por uma saraivada de tiros, disparado por um jovem enquanto tocava piano em pleno culto de sua igreja. Em 1984, perto de morrer aos 84 anos o velho King disse: - “Há dois homens que eu deveria odiar. Um deles é branco e o outro é negro, e os dois estão cumprindo pena por homicídio. Não odeio nenhum dos dois, não há tempo para isso, também não há razão. Nada pode rebaixar tanto um homem quanto ele se permitir decair a ponto de odiar alguém”. Como temos que exercitar a serenidade e o perdão! O interessante é que mesmo após 2000 anos da vinda do mestre dos mestres que nos ensinou a serenidade, o perdão e o amor incondicional não conseguimos fazer isso naturalmente. Porque ainda então sentimos que nossa raiva é desproporcional, a reação é desproporcional? Por que sentimos às vezes tão sensíveis a hostilidade humana a ponto de qualquer sinal da pessoa com a qual estamos interagindo ficamos alerta de sobre aviso como uma fera? Às vezes basta um olhar ou o tom de voz, um gesto para que reajamos e nos tornemos agressivos, para que a ira se manifeste. Nos sentimos agressivos, temos enorme dificuldade em perdoar o agressor. A única maneira de invertermos essa poderosa força negativa é com certeza buscarmos desenvolver virtudes de temperança e paciência.

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