domingo, 3 de julho de 2011

DO LIVRO : CONTANDO HISTÓRIAS... - O AMOR E O VELHO BARQUEIRO

                      Amor e o Velho Barqueiro


Segundo meu velho dicionário, parábola significa “narração alegórica que envolve algum preceito moral ou uma verdade importante”.
Confúcio, o filósofo chinês (551-479 a.c.) usou para pregar sua doutrina religiosa que se baseava na benevolência e adoração das coisas.
O mestre Jesus usou a linguagem das parábolas para ensinar o amor, a caridade e o perdão. Quem não se lembra da parábola do semeador, ou a do filho pródigo? São inesquecíveis e de grande sabedoria.
O escritor e matemático brasileiro Júlio César de Mello e Souza (1895-1974) que escrevia com o pseudônimo de Malba Tahan criou em seus livros, vários personagens que nos trouxeram a sabedoria do povo do oriente. E é do seu livro “Seleções” que li ainda adolescente, mas somente agora, mais maduro e experiente, posso senti-la em toda sua beleza que extrai uma. Chama-se “O Amor e o velho Barqueiro”. Ei-la:
Chegando afinal, à margem do grande rio, o amor avistou três barqueiros que se achavam indolentes, recostados às pedras.
Dirigiu-se ao primeiro:
- Queres meu caro amigo, levar-me para a outra margem do rio?
Respondeu o interpelado, com a voz triste, cheio de angústia:
- Não posso menino! É impossível para mim.
O amor recorreu então, ao segundo barqueiro, que se divertia em atirar pedrinhas ao seio tumultuoso da correnteza:
- Não. Não posso, respondeu secamente.
O terceiro e último barqueiro, que parecia mais velho, não esperou que o amor viesse pedir-lhe auxílio. Levantou-se tranqüilo, e, estendendo-lhe bondoso, a larga mão forte, disse-lhe:
- Vem comigo menino! Levo-te sem demora para o outro lado do rio.
Em meio a travessia, notando o amor a segurança com que o velho barqueiro navegava, perguntou-lhe:
- Quem és tu? Quem são aqueles dois que se recusaram a atender o meu pedido?
- Menino – respondeu paciente o bom remador – o primeiro é o sofrimento; o segundo é o desprezo. Bem sabes que o sofrimento e o desprezo não fazem passar o amor.
- E tu, quem és afinal?
- Eu sou o tempo meu filho – respondeu o velho barqueiro.
Aprenda para sempre essa verdade: Só o tempo é que faz passar o amor! E continuou a remar, numa cadência certa, como se o movimento de seus braços “potentes” fossem regulados por um pêndulo invisível e eterno.



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