terça-feira, 12 de julho de 2011

DO LIVRO: TRIBUTO AO WALTERANISMO OCULTO PARÁ DE MINAS A FUNDAÇÃO

CAPÍTULO I

Pará de Minas – A Fundação


Filho apaixonado que sou dessa nossa Pará de Minas, não posso deixar inicialmente de registrar nesse livro um pouco de sua história.
Para tanto peço licença e faço minhas as pala­vras do grande historiador paraminense Robson Correia de Almeida (in memorian) a quem rendo jus­tíssima homenagem.
Conta-se que de certa feita, lá pelos longínquos dias do século XVII, uma leva de aventureiros portu­gueses penetrava no sertão ao encontro das rique­zas auríferas que existiam na cidade de Pitangui.
Ao pisar o solo onde mais tarde edificou Pará de Minas, não passaram despercebidas a um dos inte­grantes do grupo – Manuel Gomes Batista, as condi­ções favoráveis e aprazíveis para aqui fixar residên­cia, conquanto oferecesse o terreno uma topografia levemente montanhosa, ao lado de um clima sau­dável e ameno.
Preferiu então, o mercador português Manuel Gomes Batista deter-se nestas plagas, a seguir nas aventuras que talvez poderiam oferecer desilusões inesperadas.
Manuel Gomes Batista, apelidado “Pato-Fofo”, dada a sua baixa estatura e ser muito gordo, cuidou logo de explorar uma fazenda, abandonando, desta sorte o comércio com os bandeirantes.
A corruptela de seu apelido serviu para nomear o arraial nascente – “Patafufo” ou “Patafufio”, posto que se tratava de figura mais importante que aqui se radicou, segundo a tradição. A comprovação histó­rica de tais fatos se nos afigura manifestamente difí­cil, em razão do grande incêndio irrompido no século passado na Igreja de Pitangui, quando foram ali queimados todos os documentos antigos que histori­avam a criação do Arraial do Patafufo.
Manuel Batista, certamente, impulsionado pelo grande entusiasmo e espírito de realização, levantou a primeira capela, sob a feliz invocação de “Capela de Nossa Senhora da Piedade do Patafufo”.
Posteriormente, ou seja, em 1846, foi a antiga capela elevada à categoria de paróquia, perten­cendo à freguesia de Pitangui, no governo episcopal de Dom Antônio Ferreira Viçoso, recebendo o seu primeiro vigário o Revmo. Padre Luiz Machado de Castro. Aos 12 de outubro de 1847, foi nomeado vi­gário colado da mesma freguesia o Revmo. Padre Paulinho Alves da Fé, que exerceu o paroquiato até 14 de outubro de 1906, data de seu falecimento.
Aos 8 de abril de 1846, pela lei Provincial nº 312, foi o arraial elevado à Categoria de Distrito. Dois anos depois, isto é, a 9 de outubro de 1848, era ele­vado o Distrito de Patafufo a categoria de Vila de Patafufo, segundo a Lei Provincial nº 386. Entretanto, a Lei Provincial nº 472, de 31 de maio de 1850, revo­gou a lei anterior (a de nº 386), devido ao desenten­dimento de lei especial que exigia em casos tais a construção de edifícios próprios para a Câmara, Conselho de Jurados (Fórum) e para a cadeia.
Somente oito anos depois, a 8 de julho de 1858, pela Lei Provincial nº 882, era restaurada a Vila, sob a denominação de Vila do Pará e denominada a paróquia para o de Nossa Senhora da Piedade.
A 20 de setembro de 1859, foi criado o municí­pio e solenemente instalada a Vila do Pará, tendo sido lavrada desse acontecimento a ata abaixo, respeitando-se, porém a ortografia da época:


“ACTA DA INSTALLAÇÃO DA VILLA DO PARA”

ANNO DO NASCIMENTO DE NOSSO SENHOR JESUS CHRISTO DE MIL OITOCENTOS E CINQUENTA E NOVE TRIGESIMO OITAVO DA INDEPENDÊNCIA DO IMPÉRIO DO BRASIL AOS VINTE DIAS DO MEZ DE SETEMBRO DO DITTO ANNO NA SALLA DAS SESSÕES DA CÂMARA MUNICIPAL DA DITTA VILLA DO PARÁ, CREADO PELA LEI Nº 882 DE 8 DE JUNHO DE 1858, TENDO POR LIMITE AS PAROCHIAS DE NOSSA SENHORA DA PIEDADE DO PARÁ, SANTA ANNA, A DISTRICTO DE SÃO GONÇALO DO PARÁ, DESMEMBRADA DO MUNICÍPIO DA VILLA DO BOMFIM, ONDE FOI VINDO O CIDADÃO DOUTOR FRANCISCO CORDEIRO DOS CAMPOS VALLADARES, PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL DA CIDADE DO PITANGUI E COMIGO SECRETARIO DA MESMA CÂMARA E SENDO NOMEADO, E ACHANDO-SE PRESENTES OS CIDADÃOS FRANSISCO DE ASSIS DOS SANTOS REO, ANTONIO JOSE DE ABREU SILVA, FIDELIS EVARISTO FIRMIANO RIBEIRO, FRANCISCO ESTEVES RODRIGUES, MANOEL TEIXEIRA DUARTE, BELMIRO JOSE PINTO COELHO, ELEITORES VEREADORES DA CÂMARA MUNICIPAL DA SOBRE DITTA VILLA A ELLES DEFERIDO O DITTO PRESIDENTE O JURAMENTO DOS SANTOS EVANGELHOS, E CONFIRMAÇÃO SIMULTANEA-MENTE O JURAMENTO MENCIONADO NA LEI DE 1º DE OUTUBRO DE 1828, POR ISSO OS DECLAROU O REFERIDO PRESIDENTE EMPOS-SADOS DO CARGO DE VEREADORES, POR ESSE FACTO A VILLA FOI INSTALLADA, TUDO DE CONFORMIDADE COM AS DISPOSIÇÕES DO DECRETO DE 13 DE NOVEMBRO DE 1832.
E DE TUDO PARA CONSTAR LAVREI ESTA ACTA DE INSTALAÇÃO DA VILLA POR TODOS ASSIGNADA.
EU JOAQUIM CECÍLIO DOS SANTOS, SECRETÁRIO DA CÂMARA MUNICIPAL DA CIDADE DE PITANGUI QUE O ESCREVI.
as.) – DR. FRANCISCO CORDEIRO DOS CAMPOS VALADARES.
FRANCISCO DE ASSIS DOS SANTOS REO.
FIDELIS EVARISTO FIRMIANO RIBEIRO.
FRANCISCO ESTEVES RODRIGUES.
BELMIRO JOSE PINTO COELHO.
MANUEL TEIXEIRA DUARTE.
ANTONIO JOSE DE ABREU E SILVA.


Aos 15 de julho de 1872, em decorrência de dis­putas políticas entre os chamados “cascudos” (libe­rais) e “chimangos” (conservadores), foi extinta a vila, voltando o seu território ao termo de Pitangui.
Pela Lei Provincial nº 2081, de 23 de dezembro de 1874, foi restaurada a Vila do Pará, ocorrendo a sua reinstalação em 25 de marco de 1875, presidindo ao ato o Sr. Dr. Cornélio Augusto Moreira dos Santos, Presidente da Câmara Municipal de Pitangui.
Lei Provincial nº 2416, de 5 de novembro de 1877, elevou a Vila do Pará a categoria de cidade, sob a denominação de “cidade do Pará”.
Por força de Lei nº 11, de 13 de novembro de 1891, criou-se a Comarca do Pará, instalada solene­mente a 7 de junho de 1892.
Como a simples denominação “Pará” estava ocasionando transtornos aos serviços postais-telegráficos, isto porque correspondências e telegramas in­vertiam em seus destinos, ora por aqui, ora para o Estado do Pará, algumas delas com prejuízos aos in­teressados, o Sr. Cel. Torquato Alves de Almeida, prestigioso chefe político da época, em uma de suas reuniões habituais em casa de seu irmão Francisco Torquato de Almeida Júnior, ao comentar o fato, a Srta. Rita Guimarães, disse com simplicidade:
- “É fácil resolver o problema, Torquato. Não existe o Pará do Norte? Portanto, o nosso passa a ser Pará de Minas...”.
Todos aplaudiram a ideia.
Diante disso, o Sr. Cel. Torquato Alves de Almeida, já como presidente da câmara, foi a Belo Horizonte e pediu ao Governo de Minas Gerais – Sr. Artur da Silva Bernardes, que determinasse por lei ou­tra denominação para esta cidade, tendo em vista os fatos que vinham sucedendo.
Assim, com Lei Estadual nº 806, de 22 de setem­bro de 1921, a cidade do Pará passou a denominar-se oficialmente PARÁ DE MINAS.
Chegando ao trevo rodoviário da BR-262, após essa viagem pelo tempo, alcançamos a bela Ave­nida Ovídio de Abreu, avistamos o Cristo Redentor, no alto da Serra de Santa Cruz que recebe com o seu carinhoso abraço de boas-vindas a Pará de Minas.



Um comentário:

  1. Fernando Martins tive a oportunidade de ter em mãos para uma boa leitura seus livros: Tributo ao Walteranismo Oculto onde traz a trajetória política do ex-prefeito de Pará de Minas Walter Martins, o operário que passa a administrar uma cidade na época de grandes transições políticas e econômica e os Sete Pecados Capitais, onde as histórias são ricas em detalhes proporcionando uma leitura rápida, leve e interessantíssima.
    Mais uma vez parabéns!

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