domingo, 22 de janeiro de 2012

LE VIN CHÂTEAU TUILERIES- PROF.MS.ARNALDO DE SOUZA RIBEIRO(FOTO)




Le Vin Château les Tuileries [1]

* Prof. Ms. Arnaldo de Souza Ribeiro

"O vinho pode ser de direito considerado como a mais higiênica das bebidas."
Louis Pasteur. Cientista francês, cujas descobertas tiveram enorme importância na história da química e da medicina. Nasceu em Dole - França, no dia 27 de dezembro de 1822 e faleceu no dia 28 de setembro de 1895, em Marnes-la-Coquette - França.

1. Introdução 2. A Vinícola 3. O vinho 4. Degustação 5. Denominação dos vinhos franceses 5.1 Vin de table 5.2 Vin de pays 5.3 Appellation d’origine contrôlée 6. Elaboração 7. Terroir 8. Harmonização 9. Bibliografia.


1. Introdução
O vinho Château les Tuileries, que será degustado nesta noite foi elaborado na comuna de Arbis, no departamento Gironde, situado na região administrativa da Aquitânia - França. A jurisdição da comuna de Arbis alcança uma área de 8,67 km², com 208 habitantes, conforme apurado pelo censo de 1999, contando com uma densidade de 24 hab/km².
Comuna era o nome dado na Idade Média a uma cidade que se emancipasse, mediante obtenção de carta de autonomia que era fornecida pelo seu suserano [2]. Atualmente, na França, o termo se refere à menor subdivisão administrativa do território.
O departamento de Gironde encontra-se rodeado pelos departamentos de Landes, Lot-et-Garonne, Dordogne e Charente-Maritime e a oeste pelo Oceano Atlântico. Por possuir 10.000 km², é o maior departamento da França metropolitana.
Ressalte-se que, na região administrativa de Aquitânia encontra-se a Região Vinícola de Bordeaux, mundialmente conhecida pela qualidade de seus vinhos.


2. A Vinícola
A Vinícola S.C.E.A. des Vignobles Menguin, foi quem elaborou o vinho Château les Tuileries (Castelo de Telhas).
Esta vinícola destaca-se pela qualidade de seus vinhos e pela sua privilegiada localização na região de Entre-Deux-Mers, sub-região vinícola de Bordeaux.
Neste sentido ensina o enólogo Aguinaldo Záckia Albert:
A região produtora dos vinhos de Bordeaux se localiza no departamento da Gironda, dentro da região da Aquitânia, sudoeste da França, cortada pelo paralelo 45° - portanto, em ótima latitude para o vinho. A produção vinícola se concentra às margens de dois rios principais, o Garonne e o Dordogne, que ao se encontrarem formam o estuário do Gironda, que dá nome ao departamento. [3]

Producteur: S.C.E.A. des Vignobles Menguin
Raison sociale Menguin Vignobles
Dirigeant Xavier Conti
Adresse 194 - Gouas
Code postal 33760
Pays France
Région Aquitaine
Départament Gironde
Ville Arbis
Région vinicole Bordeuax
Sub-région vinicole Entre-Deux-mer
Tel +33(0) 556236170
Fax +33(0) 55 6234979
3. O vinho

Os vinhos elaborados pelo S.C.E.A. des Vignobles Menguin caracterizam-se pela qualidade e seus acertados cortes, sendo: para os tintos predomina a uva merlot (80%), complementada pela uva cabernet sauvignon (20%). Os brancos pela uva sauvignon blanc (60%) complementada pela uva sémillon (40%). Estes vinhos são típicos, elaborados com zelo e técnica apurada para valorizar o frutado e o equilíbrio.
Para corroborar a assertiva supra, registre-se: o vinho Château les Tuileries – Safra 2006, foi premiado com a “Medaile Argent” no “Concours de Bordeaux – Vins d’Aquitaine” em 2007. [4]
O vinho que será degustado nesta noite foi elaborado nas mesmas especificações do vinho premiado em 2007, ou seja, com uvas merlot (80%), e uvas cabernet sauvignon (20%).


4. Degustação
Trata-se de um vinho característico da Região de Bordeaux: equilibrado, frutado, taninos macios, reafirmando as características peculiares da região que o produziu. E pode-se ainda destacar:
Cor: rubi, brilhante e acentuada.
Aromas: intensos de frutas vermelhas.
Gosto: frutado, com taninos macios, bem integrados e médio corpo.
Safra: 2008
Graduação alcoólica: 12,5%


5. Denominação dos vinhos franceses
Os vinhos franceses trazem em seus rótulos as seguintes denominações conforme legislação vigente:

5.1 Vin de Table (vinho de mesa)
Trata-se de vinho comum, elaborado sem muitos cuidados e por consequência, apresenta baixo custo beneficio.

5.2 Vin de pays (vinho de região)
Trata-se de vinho elaborado com maior zelo, se comparado com o Vin de Table, embora mantenha as características de vinho comum, também conhecido como vinho ordinário.
A denominação supra foi modificada e sistematicamente evitada, pela abrangência que o vocábulo representa para outras línguas, em especial para a portuguesa. Sabe-se que é possível encontrar no mercado brasileiro vinhos nacionais com melhor custo benefício.

5.3 Vin délimité de qualité supérieure - VDQS (Vinhos Delimitados de Qualidade Superior)
A partir desta classificação encontram-se vinhos de melhor qualidade. Para esta denominação, as autoridades francesas exigem que os produtores sigam os mesmos critérios de um vinho de Appellation d'origine contrôlée - AOC, e são submetidos a degustações técnicas rigorosas. Trata-se de um vinho de categoria transitória, tendo em vista que, os “Vin délimité de qualité supérieure – VDQS” buscam e aguardam a regulamentação para emergirem à denominação Appellation d'origine contrôlée - AOC.
Os vinhos Vin délimité de qualité supérieure – VDOS representam uma pequena parte da produção francesa.
Appellation d'origine contrôlée - AOC (Vinhos de designação de origem controlada): nesta categoria encontram-se os vinhos de qualidade superior. São, portanto, destinatários de frequentes e rigorosos controles. Ademais, o vinho obrigatoriamente terá de ser elaborado na zona informada no rótulo e obedecer a todas as especificações que estão nas legislações de cada região, dentre elas: limite de produção por hectare, as uvas que podem ser cultivadas e os métodos de vinificação.

Convergente é pensamento do enólogo Aguinaldo Záckia Albert:
Um vinho que recebe a Appellation Bordeaux Contrôlée (ou Bordeaux AC) pode ser produzido em qualquer parte da região, desde que use as uvas permitidas e tenha rendimento de, no máximo, 55 hl por hectare. Além disso, o produto final deve ter um teor alcoólico entre 10° e 12,5°. Caso o rendimento seja inferior a 50 hl/ha e o teor alcoólico superior a 10°, o vinho já pode ser enquadrado na classificação Bordeaux Supérieur. Os espumantes também se enquadram na categoria genérica, com o nome Crémant de Bordeaux. Os vinhos de appellation genérica correspondem a aproximadamente 45% do total produzido na região. [5]

Deste modo, pelo rótulo, pela região e pela tradição, o consumidor, mesmo antes de degustar, tem indicações da qualidade do vinho que tem às mãos.


6. Elaboração
Para elaborar de um vinho, passa-se necessariamente pelos processos: maceração, fermentação, descanso e engarrafamento.
Destarte, o vinho que será degustado passou por todos estes processos e seguiu os critérios:
Maceração: foi aplicado o processo a frio, com vista a obter-se um frutado mais rico.
Registre-se que a maceração é o processo que ocorre durante a fermentação e resulta do contato das cascas e sólidos com o vinho, onde o álcool age como um solvente para extrair a cor, os taninos e o aroma das cascas.
Fermentação: a fermentação ocorreu em cubas de inox com temperatura controlada. Todo o processo, incluindo a maceração durou cerca de 30 dias.
Consiste a fermentação em processo bioquímico no qual as leveduras convertem o açúcar (glicose, frutose) em álcool e gás carbônico, ação que transforma suco de uva em vinho.
As leveduras são microorganismos vivos visíveis somente com o auxílio de microscópio; na presença de oxigênio, respiram e se multiplicam. Na ausência de oxigênio e na presença de açúcar, elas fermentam, e assim produzem gás carbônico e etanol.
Descanso: o vinho descansou em barricas de carvalho e em tanques inertes, sem movimento, antes do corte.
Engarrafamento: antes do engarrafamento, o vinho foi clarificado e filtrado cuidadosamente.
Ensinam-nos neste sentido os enólogos: Cristian Sasso, João Paulo Bassin, Júlio César Spillere Ronchi:

[...] Uma prática muito antiga, hoje é feita com requintes científicos. Envolve processos como filtração, centrifugação, refrigeração, troca iônica e aquecimento. Nesta etapa, o vinho é clarificado, grande parte dos produtos precipitáveis é extraída, e muitos íons metálicos, que tornam o vinho turvo, são retirados.

O vinho que tomamos é, geralmente, transparente à luz. Mas não é desta forma que ele sai dos barris de fermentação. Muitas proteínas e complexos metálicos o deixam turvo, opaco. Finalmente, o vinho passa por uma pasteurização, onde é aquecido subitamente até cerca de 80oC e então resfriado. Alem de acabar com as bactérias restantes, o método auxilia na precipitação das proteínas que por ventura estiverem no vinho.

A filtração é uma técnica de clarificação do vinho que consiste em passar o vinho turvo através de uma camada ou meio filtrante, com porosidade reduzida. Existem vários tipos de filtros para vinhos, todos eles baseados em adsorção ou tamisação. Nos vinhos turvos, com impurezas de grande dimensão, utilizam-se filtros pelo princípio de tamisação, como os filtros com camada de terra diatomácea ou kielseguhr depositada sobre um suporte poroso.

Para vinho quase limpo, que se pretende tornar límpido e brilhante, utiliza-se filtro com princípio de adsorção. Como exemplo desse tipo, o filtro de placa de celulose-amianto ou de celulose somente. Nesse tipo de filtro, existem placas esterilizantes que permitem reter os microrganismos (leveduras e bactérias).

A grande vantagem da filtração sobre a colagem é a de clarificar o vinho mais rapidamente e de forma mais segura. A filtração é superior à colagem do ponto de vista de se obter limpidez imediata, ao passo que a colagem é superior quanto à estabilidade da limpidez, pois permite a separação até de suspensões coloidais. A melhor técnica de clarificação de vinho é realizar uma colagem sucedida de uma filtração. [6]


7. Terroir
O termo terroir é de origem francesa, que deriva do latim (terratorium). Significa originalmente uma extensão limitada de terra caracterizada pelas suas aptidões agrícolas, particularmente à produção vitícola.
Usa-se também a expressão “Produtos de terroir”, para designar um produto próprio de uma área limitada, como exemplo o vinho que será degustado, “Um Bordeaux”, sendo assim, por si só ele indica as suas características essenciais.
Pode-se também entender como terroir o conjunto formado pelo: homem, uva, terra e clima, associados na elaboração do vinho.


8. Harmonização

O Château les Tuileries “Bordeaux” acompanha: carnes de porco, de aves e assados, massas leves.

Notas:
1. Texto utilizado pelo Confrade Arnaldo de Souza Ribeiro, como referência para fazer a exposição do vinho Château les Tuileries, que foi degustado durante a 65ª Reunião da Confraria dos Amigos do Vinho de Itaúna – CAVI, no dia 09/10/2010. Foram também apresentados: slides e dois vídeos da Região de Bordeaux.

2. Suserano: deriva do termo suserania, no feudalismo, era o conjunto de faculdades e competências de um suserano, isto é, o senhor feudal que tinha domínio sobre um feudo do qual dependiam outros feudos. O suserano dava pedaços de terras para os vassalos, pois estes o ajudavam.

3. ALBERT, Aguinaldo Záckia. Bordeuax, história e vinhos da mais prestigiosa região produra do mundo. Disponível em : < http://www.degustadoresemfronteiras.com.br/bordeauxparte1.html > Acesso em 09/10/2010.

4. Concours de Bordeaux – Vins d’ Aquitaine – 2007. Disponível em : < http://www.concours-de-bordeaux.com/IMG/pdf_medaille_argent2007.pdf > Acesso em 09/10/2010.

5. ALBERT, Aguinaldo Záckia. Bordeuax, história e vinhos da mais prestigiosa região produtora do mundo. Disponível em : < http://www.degustadoresemfronteiras.com.br/bordeauxparte1.html > Acesso em 09/10/2010.

SASSO, Cristian, BASSIM, João Paulo, RONCHI, Júlio César Spillere. Vinhos. Disponível em :
< http://www.enq.ufsc.br/labs/probio/disc_eng_bioq/trabalhos_grad2004/vinho/pagina_final.htm > Acesso em 09/10/2010



Bibliografia

ALBERT, Aguinaldo Záckia. Bordeuax, história e vinhos da mais prestigiosa região produtora do mundo. Disponível em: < http://www.degustadoresemfronteiras.com.br/bordeauxparte1.html > Acesso em 09/10/2010.

CASTRES, Duc de. Histoire de France: des origines à 1970. Èditions Robert Laffont: Paris, 1971.

CELIO, Alzer; BRAGA, Danio. Tradição, conhecimento e prática dos vinhos. 6ª ed. José Olímpio Editora: Rio de Janeiro, 1989.

COBBOLD, David; DURAND-VIEL, Sébastien. Le vin et ses plaisirs. Ed. Librio: Paris, 2003.

Concours de Bordeaux – Vins d’ Aquitaine – 2007. Disponível em : < http://www.concours-de-bordeaux.com/IMG/pdf_medaille_argent2007.pdf > Acesso em 09/10/2010.

COPELLO, Marcelo. Vinhos e algo mais. Record:Rio de Janeiro, 2004.

CORDER, Roger. A dieta do vinho. Tradução de Ana Beatriz Rodrigues. Sextante:Rio de Janeiro, 2008.

DARDEAU, Rogério. Vinhos: uma festa dos sentidos. Ed. Mauad:Rio de Janeiro, 2003.

GALVÃO, Saul. Guia de tintos e brancos. Codex: São Paulo, 2004.

OGRIZEK, Doré. Le monde a table. Ode: Paris, 1952.

SASSO, Cristian, BASSIM, João Paulo, RONCHI, Júlio César Spillere. Vinhos. Disponível em :
Acesso em 09/10/2010

SANTANA, José Maria. As AOC (Appelations Controlées) em discussão na França.
Disponível em < http://winexperts.terra.com.br/arquivos/reportagem07.html > Acesso em 23/11/03.

SIMS, Fiona. Guia del vino: una aproximación para principiantes. Traducción del inglés por Ana Maria Lloret. Parragón Books Ltd: New York,
2003.

Un peu d’histoire .
Disponível em < http://www.landiras.fr/src/Histoire.htm > Acesso em 02/09/03. O texto foi traduzido e acrescido notas de roda-pé por: RIBEIRO, Arnaldo de Souza.


Itaúna, (sábado) 09 de outubro de 2010.

* Arnaldo de Souza Ribeiro presidiu a Confraria dos Amigos do Vinho de Itaúna – CAVI, no período de 1º de maio de 2003 a 03 de julho de 2010. É Doutorando pela UNIMES – Santos - SP. Mestre em Direito Privado pela UNIFRAN – Franca - SP. Especialista em Metodologia e a Didática de Ensino pela CEUCLAR – São José de Batatais – SP. Advogado e conferencista. Coordenador e professor da Faculdade de Direito da Universidade de Itaúna UIT – Itaúna – MG. Professor convidado da Escola Fluminense de Psicanálise – ESFLUP – Nova Iguaçu - RJ. Sócio efetivo da Associação Brasileira de Filosofia e Psicanálise – ABRAFP. E-mail: souzaribeiro@nwnet.com.br

2 comentários:

  1. gostei da referencia, sou joão paulo bassin, so vi q foi escrito bassim com m, e nao n.
    Qualquer sugestão ou duvida, é so entrar em contato Fernando.

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  2. nossa companhia de vinho, que pertence a Cristian Sasso, a Júlio César Spillere Ronchi e a mim pode contribuir com maiores informações.

    Um abraço

    JP, 24-01-12.

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