domingo, 8 de janeiro de 2012

O MENOS É MAIS- ROSA HELAINE MOTA

O menos é mais

Com todo respeito e admiração que tenho pelas grandes conquistas da humanidade que vão das asas de Ícaro a Apolo 11, curvo-me diante da de Da Vinci.
Com toda sua licença Gioconda, mas a vez agora é das duas rodas. Primeiramente feita de material pesado chega ao século XXI com toda leveza e polivalência do carbono. Em uma pequena passagem pelo século passado inebriamos por caminhos irreverentes e vanguardistas nas rodas de Duchamp, o casamento perfeito: diversão e arte.
Dos caminhos inebriantes a distâncias abreviadas. A paradoxal China que quase uniu Xangai a Pequim em tempo record é a maior produtora de bicicletas no mundo e também uma das que mais acinzentam nosso planeta. E esquece da palavra que define o século XXI: sustentabilidade.
Oi, Fernando, a alma está ficando pequena porque aumentam as velocidades e abreviam os relacionamentos, os sentimentos são cibernéticos e não nos deixam raízes. Mares nunca dantes navegados, agora só os da banda larga e com isto estão nos robotizando.
Por mais que decantem toda essa velocidade prefiro as sincopadas pedaladas em uma bela manhã de domingo. Cabelo ao vento, sentir o abraço do sol e o melhor de tudo: encontros inusitados.
A única aceleração é a do coração quando invadido por uma enorme sensação de liberdade. E aí vai mais um pedido de licença poética a você, grande Cecília, que nos presenteou com esta metáfora maravilhosa sobre um dos sentimentos mais nobre que o homem tanto procura: a liberdade. “Liberdade é uma palavra que o sonho humano alimenta que não há ninguém que explique e ninguém que não entenda”.

Rosa Helaine Mota
*Rosa é Professora-Ciclista apaixonada- amiga e revisora de meus livros

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