sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

UM CONCERTO HISTÓRICO EM PITANGUI- TEXTO DO PROF.MS.ARNALDO DE SOUZA RIBEIRO(FOTO)


Um concerto histórico em Pitangui

* Prof. Ms. Arnaldo de Souza Ribeiro

“Ama-se mais o que se conquistou com esforço.”
Aristóteles. Filósofo grego, aluno de Platão, 384 a.C a 322 a.C.

No domingo, dia 07 de março de 2010, a Igreja Nossa Senhora do Pilar de Pitangui recebeu o Coral Bittencourt, de Pará de Minas e a Orquestra Minas Filarmônica de Divinópolis, para encerrar uma série de três concertos denominados Concertos “Patrimônio Musical”, com apresentações nos dias 05 em Pará de Minas e 06 em Onça do Pitangui.
Na primeira parte foram apresentadas obras do Padre José Maurício Nunes Garcia e na segunda parte três peças do Acervo de manuscritos do Século XIX, encontradas em Pará de Minas em 2009.
Para mostrar a importância das peças encontradas e executadas neste histórico Concerto, faremos um breve resumo de quem foi o Padre José Maurício Nunes Garcia: nasceu no Rio de Janeiro, no dia 24 de setembro de 1767, onde falecera no dia 18 de abril de 1830. Filho de pai português e de mãe descendente de africanos. Iniciou a compor com 16 anos e teve como mestre o mineiro Salvador José de Almeida Faria. Viveu a transição do Brasil Colônia para o Brasil Império, bem como a transição do barroco para o neoclassicismo.
No período de 1808 a 1811, compôs aproximadamente 70 músicas e em toda sua vida estima-se que tenha composto um montante de 240.
Com a chegada de D. João VI em 1808, ao conhecê-lo tornou-se seu amigo, admirador e defensor, deste modo, seu prestígio e produção cresceram de forma espetacular.
Em 1816, dirigiu na Igreja da Ordem Terceira do Carmo um Requiem de sua autoria em homenagem à rainha D. Maria I, falecida no Rio de Janeiro naquele ano. Historicamente foi o primeiro compositor de relevo brasileiro, cuja fama fora conhecida na Europa.
Ao lado das peças deste ícone da música erudita brasileira, foram apresentadas três peças dentre as encontradas no acervo do Coral Nossa Senhora da Piedade da cidade de Pará de Minas, que em nada ficam a dever em beleza e qualidade, quais sejam:
I. Motetos de Passos - “Celebração dos Passos” Anônimo “Século XVIII ou XIX” (coro).
II. Motetos de Quarta Feira de Cinzas “Immutemur e Inter Vestibulum” - Américo Pereira Guimarães – Pitangui “Século XIX” (coro e orquestra).
III. Ladainha de Nossa Senhora em Fá maior – Mestre Antônio José de Oliveira – Onça do Pitangui “Século XIX” (coro, solistas e orquestra).
As peças encontradas pelo maestro Samuel Lopes alcançam um montante de 36. Este pesquisou e identificou a origem e a qualidade das partituras e constatou: são todas de apurado conteúdo somando-se ainda à riqueza histórica que elas representam. Possivelmente estas peças foram escritas no século XIX influenciadas pela música colonial setecentista. Apurou que parte dos manuscritos fora escrita na cidade de Pitangui e outra em Onça de Pitangui.
Durante este histórico Concerto, a paz, a beleza e a harmonia se fizeram presentes na bela Igreja Nossa Senhora do Pilar. O esforço e o profissionalismo dos integrantes do Coral Bitencurt e da Orquestra Minas Filarmônica com as participações de: Bernardo Mendes (pianista), Regina Marinho (soprano), Denise Silva (mezzo-soprano), Érica Soares (soprano), Rosinha de Fátima (soprano), Cíntia Alves (contralto), Hilda Terezinha (mezzo-contralto), Cícero Alves (tenor), Marden Ferreira (tenor), Daniel Gonçalves (baixo), José Luíz dos Santos (barítono-baixo), Coral Bittencourt, Adailton Corrêa (maestro) e Samuel Lopes (maestro e tenor), levaram a todos: orgulho e cultura. Orgulho por constatar que as músicas compostas em nossa região, no século XIX, equiparam-se em qualidade e beleza àquelas compostas na Corte; e cultura, ao nos apresentar aquelas vozes e acordes de indizível beleza, resultantes do estudo, do talento e do árduo trabalho dos músicos que executaram aquelas magníficas peças.
Nas palavras do maestro Samuel Lopes:

“Manuscritos que resistiram ao tempo, às traças e que através de sua preservação, de concertos e projetos culturais ressurgirão como uma história cantada. Não é somente mais um Arquivo Musical de Pará de Minas, mas um Patrimônio Musical do Brasil.”

Sem dúvida, o maestro que encontrou e restaurou este importante acervo, traduziu com estas sábias palavras o que ele representa para a cultura de Onça do Pitangui, de Pitangui, de Pará de Minas, Divinópolis, de Minas, do Brasil e do mundo. Espera-se, que estes virtuosíssimos músicos possam apresentar este histórico Concerto para outras platéias, divulgando este tesouro cultural de inestimável valor.

Itaúna, 20 de março de 2010.

* Arnaldo de Souza Ribeiro é Doutorando pela UNIMES – Santos - SP. Mestre em Direito Privado pela UNIFRAN – Franca - SP. Especialista em Metodologia e a Didática do Ensino pelo CEUCLAR – São José de Batatais – SP. Advogado e conferencista. Coordenador e professor da Faculdade de Direito da Universidade de Itaúna – Itaúna – UIT - MG. Professor convidado da Escola Fluminense de Psicanálise – ESFLUP – Nova Iguaçu - RJ. Sócio efetivo da Associação Brasileira de Filosofia e Psicanálise – ABRAFP. E-mail: souzaribeiro@nwnet.com.br

Nenhum comentário:

Postar um comentário